26 de abril de 2011

Ignorantes, Falidos e Felizes (*)

Ignorantes, Falidos e Felizes


Joinville tem 500.000 habitantes, ou almas como se usava na época do Brasil colonial. A cidade convive com um passivo que só faz que aumentar, de acordo com dados da própria prefeitura 46 % das ruas não são pavimentadas, das pavimentadas quase 100 Km estão em estado entre lastimável e esburacado. Não há recursos para remendar os buracos, menos ainda para fazer os recapeamentos necessários. O saneamento básico, que o promessometro de campanha anunciava em 70 % ao final de esta gestão, e agora esta se convertendo em menos da metade, acima dos bengalis 10 %, porem muito abaixo do esperado para a maior cidade do estado. Parques, arborização urbana e áreas verdes continuam pertencendo ao mundo da ficção.


Agora esta sendo projetada uma Joinville de 750.000 habitantes para 2050. Por outro lado, os mesmos técnicos, que projetam esta população, propõem mudanças de zoneamento que permitirão construir até 30 andares, numa área que se estenderia do Bairro Santo Antonio a Estação Ferroviária, coisa para colocar mais de 4.000.000 de habitantes, se construídos a metade dos prédios previstos. Evidentemente os números não fecham. Em Joinville parece que conseguir que os números fechem é missão praticamente impossível. Pode ser tanto pelo excesso de dados, como pela falta de cabeças capazes de saber como utilizar da melhor maneira os dados disponíveis.



Ninguém explica como Joinville conseguirá zerar o passivo que já tem consolidado, nem como fará para que este passivo não siga aumentando antes de alcançar os 750.000 habitantes projetados.


O melhor exemplo deste descompasso é a construção de prédios, seja de 6, 8 ou 18 andares, em servidões e ruas que nem permitem a passagem de dois carros. É obvio que é um total desatino, o que não impede que continue acontecendo e até mantido na proposta de Lei de Ordenamento Territorial, que insiste em tratar como iguais avenidas, ruas e servidões desiguais. Os exemplos das Ruas São Luiz e Fernando Machado no Bairro América, da Rua Professora Laura Andrade, no Centro, e questão de tempo para que seja construído um espigão de 18 andares na Rua Senhorina Soares, no Bairro Anita Garibaldi , são exemplos de que continuamos estultos, duplamente ignorantes porque não conseguimos aprender dos erros que já cometemos e perseveramos neles novamente.


Por isto continuamos falidos, ignorantes e felizes.

2 comentários:

  1. Ignorantes, Falidos e Felizes


    Lamento concluir que a cidade é toda feita nas coxas. O termo, chulo e grosseiro, em nada se refere às nossas belas mulheres.

    Infelizmente me refiro à nossa convivência coletiva.

    Nosso transito é planejado nas coxas – nada é projetado para 30/40 anos. Se durar até a próxima eleição já será um milagre. Li que o Rio de Janeiro prevê 1 carro para cada dois habitantes em 2020. Nós somos 500.000 e temos 270.000 veículos licenciados – é 1 veículo para cada 1,8 habitantes. Estamos 10 anos à frente do Rio.

    Nossa malha viária festeja 160 anos. Dirigimos (todos nós cidadãos) como se morássemos em Pomerode. A administração não peita os condutores para acabar com a circulação nas vias vicinais do centro. As ruas de mão dupla entre os binários retardam o fluxo dos que querem entrar e dos que querem sair da via principal. Estas mesmas mãos duplas fazem dos cruzamentos uma loteria, tamanho o numero de combinações possíveis.

    Mas quem se interessa?
    Quem vai ser o antipático a mudar as regras?
    Quem vai obrigar o morador a dar a volta na quadra?

    E o ciclista atropelado? E a moto caída?
    Dizem que cada acidente de moto custa aos cofres públicos algo em torno de R$ 40.000.
    E aquela ambulância que colidiu no cruzamento?
    E os bombeiros desviados?
    E o atraso da produtividade de todos que ficaram presos no transito?

    Nosso transito é planejado ... nas coxas.

    E a policia que pede para fechar as lojas porque não consegue dar segurança? Nas coxas.
    E os bancos que retiram os caixas eletrônicos ?!

    E as escolas pintadas na brocha, tinta de terceira, as cadeiras enferrujadas, lâmpadas queimadas, janelas quebradas ... tudo nas coxas.
    A quadra em construção desabou. Desabou !!!!
    E a merenda escolar ..... nas coxas.
    É público. P Ù B L I C O – do povo. Putz! Tudo deveria ser de primeira. Durar dezenas de anos. Receber uma manutenção primorosa e ser foco de zelo e respeito do cidadão. E que o rigor da lei recaísse sobre aquele que o profanasse.

    E o salário do professor. Aquele que deveria ser o cidadão mais respeitado da comunidade.
    Aquele que deveria ser o orgulho da família. Aquele que deveria ter seus rendimentos triplicados e que fosse servido por todo o suporte e toda a tecnologia disponível incondicionalmente. ... tratado nas coxas.

    E nossos hospitais? Nas coxas.
    E nossa rodoviária? Nas coxas.
    E nosso aeroporto? Hahahahaha ....... nas coxas.
    E nosso estádio de futebol? E o teatro municipal? E o centro de exposições?
    E os parques? Patakaparau .... só nas coxas.


    047 8833 1842
    s.duprat@terra.com.br

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  2. continuação:


    O cidadão desrespeita o cidadão. Falta-nos educação e respeito pelo coletivo – pelo bem e patrimônio coletivo. Não nos importamos com a qualidade de vida do morador do outro bairro. Não nos importamos com a segurança do comerciante do outro bairro. Logo, o morador do outro bairro também não se importa conosco.

    Duas reportagens do fantástico: “ninguém quer ser pediatra” – “mulher joga bebe no lixo”

    Quanto custa formar um pediatra?
    Quanto o plano de saúde paga ao pediatra por uma consulta? ... nas coxas.
    Quem quer investir e estudar 8 anos e receber R$ 20,00 por uma consulta de 40 minutos?

    Quanto custa formar um cidadão?
    Quanto custa um cidadão, da gestação até o momento em que se torne socialmente produtivo? Quem paga essa conta?

    Sairia mais barato para o governo dar casa para o casal que não tivesse filho. O casal, então, poderia crescer, se estruturar, produzir e acumular; e aí sim, decidir se teria um filho ou não. Mas com certeza de qualidade de vida.

    Chegamos, então, ao âmago da questão. Gente. Tem muita gente. Tem gente demais.
    A mulher jogou o bebe no lixo. Ela já tinha seis. SEIS!!!
    Será que ninguém – administrador, sacerdote, parente ... cidadão - se incomoda em saber que esta criatura esta gerando um problema social para daqui a vinte anos? Hein?
    Ah!O governo cuida.
    Pó, meu! Nós somos o governo. Daqui a vinte anos, o imposto cobrado da minha filha de 9 anos vai dar suporte a uma geração, que esta chegando agora, sem nenhuma estrutura.
    Planejamento demográfico nas coxas.
    Obs: a frase ficou esquisita, mas até que seria uma solução. ... me perdoe.

    Onde esse povo vai morar?
    Onde esse povo vai estudar?
    Onde esse povo vai trabalhar? Consumir? Estacionar? Cuidar da saúde? Se aposentar?
    E o lixo gerado nesse processo?


    Prédios de 30 andares em ruas que só permitem um carro no meio, se outros estiverem estacionados junto às guias. Planejamento nas coxas.

    E o esgoto desse povo todo? Existe planejamento? Nas coxas.
    Construtoras, imobiliárias, comercio ... nós sabemos no que estamos nos metendo?

    Sun Tzu diz (em A arte da Guerra) – “se o exercito vai mal, a culpa é do general.”

    A culpa é do administrador – não quero saber se é de agora ou de outrora.
    Todos, sem exceção, usaram Joinville, sua população e sua riqueza, como trampolim para outras esferas administrativas .... geralmente longe daqui.
    Eu não quero saber se o pato é macho, ...... eu quero ovo.

    Estamos no meio de um jogo de pirâmide social.
    Vivemos em busca de consumidores para nossos produtos.
    Não nos importamos de onde eles vêm e nem como sobrevivem, desde que continuem a consumir nossos produtos.
    As administrações comemoraram a chegada ao patamar de 500.000 cidadãos.
    Por quê? Pra que?
    Quem ganha com isso? Temos ou vislumbramos um aumento de nossa qualidade de vida?
    Nossa vida hoje é melhor do que há 20 anos?

    Temos mais confortos e menos tempo para usufruir deles.
    Temos mais conhecimento e permanecemos na ignorância.
    A felicidade que deveria ser usufruída agora, é lançada para o futuro, usada como justificativa para o sacrifício do presente.

    Receio que nosso destino seja pior do que “falidos, ignorantes e felizes”.

    Perdoe se me estendi

    Um grande abraço
    Sergio Duprat

    47 8833 1842
    s.duprat@terra.com.br

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