29 de setembro de 2009

O Aeroporto


A drástica redução no número de voos no aeroporto de Joinville – provocada entre outros motivos pela falta de manutenção regular da vegetação das cabeceiras das pistas – traz de novo o debate do futuro do terminal aéreo. Já faz muito tempo que Joinville não tem mais voos para Porto Alegre, Rio de Janeiro e Florianópolis, por exemplo. E as conexões, na realidade as frequências para São Paulo, têm diminuído de tal maneira que a própria existência de um aeroporto com voos regulares deveria ser questionada.

Os joinvilenses que precisam viajar já não consideram a opção de partir do Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola como uma alternativa viável. A maioria opta diretamente por viajar a partir de Curitiba, as tarifas menores e, principalmente, a maior oferta de voos e conexões fazem desta a melhor opção.

O esvaziamento do aeroporto de Joinville, que já chegou a operar mais de uma dezena de voos por dia, iniciou a perda de frequências devido à “concorrência”. Uma estratégia inadequada que permitiu ao longo dos anos construir e operar quatro aeroportos separados por pouco mais de uma centena de quilômetros.

A política de preços das companhias aéreas passou a penalizar alguns aeroportos de menor porte, como o de Joinville. Essa circunstância, aliada à falta de opção para conexões com outras regiões do País foi a pá de cal. Ante a passividade generalizada, temos perdido de uma forma irreversível o nosso aeroporto.

Aos passageiros usuários das superdimensionadas instalações do aeroporto que a usam apenas para se deslocar de ônibus a outros destinos é permitido imaginar um futuro interessante. Como o uso das instalações como uma opção à rodoviária de Joinville, ainda que a falta de duplicação da avenida Santos Dumont inviabilizaria esta alternativa devido à criação de uma maior demanda de fluxo de veículos numa via já saturada.

Devemos avaliar outras alternativas para poder aproveitar a infraestrutura que o aeroporto representa, na medida em que o seu uso para a função prevista não seja cumprida. Temos uma responsabilidade com este espaço e com o investimento público nele feito.

Uma pista de corrida para arrancadão, um santuário para a reprodução de quero-queros e outras aves, a maior ciclovia em linha reta da América do Sul, um espaço para campeonatos internacionais de pandorga, a maior pista de aeromodelismo do mundo, a sede permanente das esquadrilhas acrobáticas que poderiam decolar e aterrizar sem problemas numa pista curta e com nebulosidade e muitas outras iniciativas igualmente importantes, para as que gostaríamos de contar com a sua criatividade. Porque como aeroporto não parece que tenha muito futuro.

Publicado no Jornal A Noticia

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