11 de setembro de 2009

Homem de sorte

Homem afortunado


O prefeito Carlito Merss é um homem afortunado. Poder contar com a
inestimável colaboração do Secretário Eduardo Dalbosco é uma sorte.
Mesmo sem o conhecer pessoalmente, tenho cruzado com ele em eventos
como a reunião do Orçamento Participativo e a Conferência da Cidade.
Parece estar sempre com ar atribulado, carregando documentos e pastas
e atento a tudo.

O Secretário tem o perfil de alguém que gostaríamos que estivesse do
nosso lado numa briga, não só pela sua presença física, mas também
pela segurança que transmite. Acho que o prefeito fez bem quando o
escolheu como um dos seus colaboradores mais próximos. O seu papel na
administração municipal parece o daqueles jogadores de futebol que são
capazes de jogar em todas as posições e ainda se desempenhar bem.
Porém, pode ser um erro imaginar que possa jogar em todas elas ao
mesmo tempo.

Em recente artigo publicado no jornal A Noticia, o Secretário revelou
a sua particular percepção de diálogo e discorreu sobre a forma como o
governo municipal conduz os destinos da cidade.

Gostaria de examinar dois exemplos de como esta administração pratica
o diálogo. Num, encaminhou o projeto de lei 27/2009 à Câmara de
Vereadores permitindo a instalação de sociedades desportivas e
recreativas nas zonas residenciais unifamiliares (ZR1). Nem é preciso
dizer o que pode representar ter festas, casamentos, jogos e outros
tipos de atividades festivas no meio de uma zona estritamente
residencial. Neste caso, o Executivo encaminhou o projeto sem
dialogar com a sociedade organizada, a que tem CNPJ. No outro, o
projeto de requalificação do Centro foi elaborado sem dialogar com a
sociedade - só depois de ela haver se manifestado é que foi iniciado
um diálogo, e sobre uma proposta já feita. É como se o arquiteto
primeiro fizesse o projeto e só depois conversasse com o cliente. Já o
exemplo da Conferencia da Cidade não pode ser considerado o melhor
modelo de diálogo, longe disso - da forma como foi conduzida, se eu
tivesse sido responsável pela sua organização certamente não a
incluiria no meu currículo.

Mas dois pontos do texto publicado me deixaram ainda mais surpreso e
atônito do que já estava. No primeiro, lê-se que o diálogo que este governo
pratica representa abrir mão de suas prerrogativas. É um erro grave pensar
desta forma. O diálogo com a sociedade é uma obrigação do gestor
público e não pode ser considerado um favor ou uma concessão.
No segundo, vai além ao escrever: “Isso garante o acerto de todas as
Decisões tomadas pelo governo”. Se até a infalibilidade dos papas pode
ser questionada, vide a reabilitação de Galileu, não posso imaginar que
o Secretário acredite, de fato, nesta dita infalibilidade e onisciência governamental.

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