16 de julho de 2009
Zoneamento e Geração de Valor
Quando o valor de um lote vazio é maior que o de um terreno construído, alguma coisa no conceito da geração de valor esta errada. As mudanças constantes na legislação têm forte impacto sobre o valor dos imóveis. Em alguns casos o valor agregado da construção desaparece completamente e passa a ser mais rentável demolir.
O valor do terreno cresce e muda como resultado das alterações do zoneamento e de novas leis que permitem construir mais nos mesmos imóveis em que no passado não era possível, produzindo riqueza de forma quase instantânea, para uns e desvalorizando o património de outros.
Todas as alterações da lei que não são resultado de demandas transparentes e claramente identificadas, devem ser vistas com suspeição. A freqüência e o açodamento com que o zoneamento é mudado e a ausência total de estudos técnicos que embasem estas mudanças, escondem mais do que mostram. A omissão do poder publico, para defender e atender as demandas dos moradores que buscam manter e defender um modelo de cidade melhor e mais estável, servem para aumentar ainda mais a suspeição.
Por exemplo ao aprovar a mudança de zoneamento numa região tradicionalmente ocupada por residências unifamilaires, estaremos estimulando, que prédios sejam construídos junto a residências. Provocando a perda da privacidade, o sombreamento, a falta de insolação e de ventilação e o aumento do trafego no que até este momento era uma area residencial de baixo movimento. São os elementos mais evidentes deste processo de destruição de valor. Quem acabou de construir sua casa acreditando no zoneamento vigente, verá rapidamente depreciado o seu investimento e será forçado até a vender. Para quem fique, quedará o convívio com a sombra, o aumento do transito e a perda da qualidade de vida.
Como justificar estas mudanças repentinas que alteram de forma tão brutal o valor de terrenos e imóveis? A justificativa dos talibans do tijolo, são as mudanças constantes em nome de um chamado urbanismo dinâmico. Quanto mais rapidamente varia o valor do terreno, mais curto se torna o ciclo econômico e a própria vida da edificação. Em pouco tempo o valor de uma residência pode desaparecer completamente. Desde o ponto de vista econômico quando uma edificação é demolida antes da conclusão do seu ciclo de vida, existe uma perda de valor. Que deve ser absorvida pelo proprietário e na maioria dos casos e compartilhada com toda a sociedade. Que paga, na forma de perda de qualidade de vida, para que novas fortunas surjam e novos ciclos económicos se iniciem.
Quem ganha e quem perde, determina a transparência do processo e o jogo de interesses.Ganham uns poucos e perdemos todos, que vemos surgir uma cidade pior, com menor qualidade. A quem interessa uma cidade com mais terrenos baldios que áreas ocupadas? Uma cidade que derruba para aumentar o seu valor? Recentes dados da secretaria de habitação informam que mais de 9.000 imóveis estão vazios ou desocupados, em quanto esperam a valorização que as próximas mudanças na legislação produziram. Dados que por tanto não sustentam a necessidade deste modelo verticalizador e destruidor de valor. Um modelo concebido para beneficiar a poucos e socializar o prejuizo com todos.
Publicado no Jornal A Noticia
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