28 de janeiro de 2009

Outro ponto de vista sobre a crise

Carta de Álvaro P. de Cerqueira a Ladislau Dowbor

Prezado Prof. Ladislau Dowbor, (c.c. Prof. Antônio Corrêa de Lacerda e a Globonews)
Vi hoje sua entrevista no "Entre Aspas" da Globonews. Permita-me observar que o senhor, como muita gente importante, labora em erro sobre a verdadeira causa da crise. Tal como a grande depressão de 1929, ela não é uma "crise do capitalismo", mas uma crise do intervencionismo do estado na economia. Que começou em 1913, com a criação do Fed, o Banco Central americano.
O presidente Hervert Hoover, nos anos 20, com suas políticas errôneas de incentivar a criação de emprego alterou o funcionamento do mercado, com gastos inflacionários. A criação de dinheiro do nada pelo Fed, com os créditos para compra da casa própria a juros subsidiados, criou o castelo de cartas na Bolsa de Nova York.
Eleito o presidente Roosevelt, este aplicou o falacioso keynesianismo, não ouvindo a advertência de F. Hayek de que gastos do governo para incentivar a atividade econômica trariam um surto de crescimento, mas seguido de inflação e nova queda da atividade e mais desemprego do que antes. O New Deal só não fez disparar logo a inflação porque os EUA entraram na II Guerra Mundial no final de 1941 e viraram o empório da Europa, tendo a economia americana, ou seu PIB, crescido 6 vezes no período da guerra e escondeu a inflação.
Mas em 1938 Roosevelt criou a Fannie Mae e a Freddie Mac, que embora privadas tinham linha de crédito direto do Tesouro americano a juros subsidiados para financiar hipotecas imobiliárias. Anos mais tarde o presidente Johnson estatizou as duas companhias, mas estas venderam ações na bolsa e os americanos achavam que elas eram privadas. Nos anos 70 a inflação keynesiana virou a "estagflação", agravada pelo primeiro choque do petróleo.
Como se vê, o mercado cobrou o preço do intervencionismo errôneo do estado. Nixon acabou com o que restava do padrão ouro e mais tarde Greenspan assumiu o Fed, baixando a taxa de juros para 1% por 6 anos e meio. Estava feita a lambança. Os bancos americanos começaram a financiar volumes cada vez maiores de hipotecas, pois sabiam que Fannie Mae e a Freddie Mac comprariam qualquer quantidade de subprimes, ou hipotecas de segunda mão. Vem Bush e gasta como louco em duas guerras, Afeganistão e Iraque, mandando o déficit americano para a estratosfera. E o castelo de cartas de 1929 se rearmou. Aí veio o estouro da boiada, que já envolvia a Europa e a Ásia. A crise de confiança se instalou e veio o outubro negro em 2008. Vem Obama e vira keynesiano, como Roosevelt. Imprimir dinheiro para comprar hipotecas podres, estatizar bancos e investir em infraestrutura (neste caso, Obama), como fizeram os países da zona do Euro e os próprios EUA é apagar incêndio com gasolina. Isto só vai prolongar a crise, que em vez de uma curva em V terá uma curva eu U, com a base dessa letra bem comprida.
Então, repito, não é uma crise do capitalismo, mas do indevido intervencionismo no mercado. Então o que o senhor disse, culpando o "fundamentalismo do mercado" não procede. O que é preciso não é regulamentar o mercado, mas o estado, o verdadeiro vilão da crise.
Sugiro V. Sa. e os demais a visitarem o site do Ludwig von Mises institute, de Auburn, Alabama, U.S.A. onde se pode ver todo o mapa da situação.
S.M.J.
Cordiais saudações libertárias,
Álvaro P. de Cerqueira

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