Ambos candidatos catalisaram nos eleitores uma mensagem que despertou a esperança. Ambos foram eleitos porque aos olhos de milhares um, milhões o outro, conseguiram personalizar a esperança.
Na semana que antecedeu ao que os norte-americanos chamam Inauguração, e aqui é chamado Posse, Eles, mais que nos, viveram em extase. A coincidência da celebração do dia de Martin Luther King, na segunda feira imediatamente anterior a posse de Barack Obama, fez que o país, e especialmente aquela parte da sociedade que até agora tem se sentido afastada do poder. Vivesse uma euforia que permeava ruas e praças. Uma parte da população sentiu que agora era a vez deles.A sua vez. Sentimento lógico e natural se consideramos que lá como aqui, uma parte da sociedade, quase sempre a mesma, fica aleijada das benesses do poder e que vem materializada, no mandatário que tomou posse, a realização de um sonho intimo de cada um dos seus eleitores.
A eleição de Lula foi também um fenómeno parecido, quando a prensa a definiu como a vitoria da esperança sobre o medo, numa frase que ficou famosa na época.
A festa popular em que se converteu a posse, tanto lá como aqui. Tinha muito mais de celebração de uma vitoria suada e lutada, que de resultado de uma eleição democratica. Com insistencia la e aqui se fala de uma nova era ou de o fim de uma era. É neste movimento irracional, quase messianico e com toda certeza contraditorio, que reside o perigo de colocar fé demais, de esperar demais. Ao esperar o que se deseja com tanto ardor, às vezes a visão fica turva e confundimos aquilo que queremos muito, com o que é possível.
Quanto maiores as esperanças depositadas no mandatário, seja ele, municipal ou global, maior o risco da frustração. Ao esperar demais, na maioria das vezes nos desencantemos, não porque os eleitos façam pouco, e sim porque nós esperamos demais.
As campanhas políticas contribuem a criar, ainda mais esta imagem, as pesquisas buscam identificar quais são os sonhos, quais as esperanças e oferecem de uma forma mais ou menos velada, a imagem de um candidato que depois de eleito, atenderá os nossos desejos mais íntimos.
Como resultado elegemos, não governantes e sim aspirantes a super heróis ou a candidatos a compor o nosso santoral. As crianças com a sua sabedoria e experiência podem melhor que ninguém nós falar das suas frustrações ao descobrir que os seus super heróis reais ou imaginários, não podem realizar no mundo real, tudo aquilo que desejam.
Em outras palavras quanto maior a esperança que colocamos em algo ou em alguem, maior será a nossa frustração. O erro não está em ter esperança, o erro está em confundir o que desejamos e queremos, com aquilo que é possível.
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