O blog esta começando a ficar conhecido, por uma parte, alcançamos a cifra inacreditável de mais de 1000 acessos, pelo outro começamos a receber contribuições, sugestões e criticas, com uma certa freqüência, o que nos estimula a continuar com esta empreitada, uma vez mais obrigado.
Jordi
Recentemente fui à Europa a qual resolvi chamar de “tour gastronômico”, em homenagem ao meu companheiro de viagem e membro da Confraria do Príncipe, Arno Kuhlem. Meu roteiro iniciou na Espanha, em Barcelona, seguindo ao litoral Sul da França até Cassis, depois rumamos ao interior francês na Provence, onde se encontram excepcionais produtos agrícolas para a culinária além de ótimos bistrôs. Uma passadinha na Itália, Suíça, de volta à França onde passamos por Dijon para comprar sua famosa mostarda, finalizando a primeira etapa em Paris, cidade que sempre é uma grande fonte de inspiração. Ávidos por bons pratos, seguimos nossa exploração até Trier, já na Alemanha e depois Roterdam na Holanda e Brugge na Bélgica. Alguém diria: “que cara mais bobo, usando o jornal para se exibir”. Nada disto. Minha narrativa é para falar sobre as feiras livres que em todas as cidades da Europa, das maiores às minúsculas, são um atrativo à parte. Oriundas na Idade Média resultantes do excedente de produção agrícola, as feiras livres mantém-se até hoje num nível de qualidade impecável. Produtos de excelente qualidade com procedência controlada, muitos dos quais exibem selos de qualidade emitidos pelas agencias que controlam as cooperativas de produtores. Em síntese, um espetáculo à parte da viagem. No Brasil, temos cidades que são igualmente reconhecidas pela qualidade das suas feiras livres e cito o Rio de Janeiro, com mais de 200 feiras semanais ou São Paulo, com cerca de 320 feiras semanais. Usando esta proporção, Joinville deveria ter, pelo menos, 20 feiras semanais. Além de oferecer produtos agrícolas e artesanais de ótima qualidade, as feiras proporcionam a proximidade do consumidor com o produtor e o exercício da barganha pela concorrência direta entre feirantes. Como fator mais relevante, as feiras livres são grandes incentivadoras de pequenos produtores rurais ou mesmo urbanos que podem, sem intermediários, oferecer produtos saudáveis, com preços justos, garantindo o sustento de uma ou mais famílias. Além disto, fazer a feira é uma verdadeira terapia e, no meu caso europeu, fazer turismo. Em Joinville já não existem feiras-livres. Lembro-me do Onévio Zabot e do Anselmo Cadorin como grandes incentivadores ao renascimento das feiras livres com apoio e incentivo da Fundação 25 de Julho. Não prosperaram e, sem um programa, sem incentivo, o pequeno produtor não terá sucesso e não veremos tão cedo alguma feira livre por aqui. Como golpe de misericórdia a esta idéia e, no entender do IPPUJ na sua formulação do Plano Diretor, as nossas propriedades rurais farão parte da chamada Zona de Expansão Urbana, que deverão virar chácaras, sitos, golfes, country clubes e condomínios fechados para afortunados, exterminando os poucos e resistentes produtores existentes, para deleite dos especuladores imobiliários. As poucas propriedades produtivas já não têm como principal fonte de sustento a agricultura, fazendo parte de um passado cada vez mais distante. Uma pena. Voltando à Europa, em Freiburg na Alemanha, conversei com um feirante e ele disse-me que a atividade de pequeno produtor e feirante já estava na família há quatro gerações sendo o principal sustento para 8 pessoas com excepcional nível de renda e qualidade de vida. Quem sabe nossos governantes, em suas incontáveis viagens ao exterior, pudessem um dia visitar uma destas feiras livres e voltarem inspirados.
Sérgio Guilherme Gollnick
Arquiteto e urbanista
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu
ResponderExcluirVou postar o seu texto em comentários sobre as mudanças nos horários das feiras-livres em São Paulo, decreto de Kassab, decreto motivos concretos, demonstrando nada mais do que autoritarismo. Adorei o seu texto, pois muitos a favor do extermínio das feiras e dos feirantes, dizem que é coisa de "terceiro-mundo". O seu texto mostra o contrário, que é coisa de gente civilizada e que respeita tradições inofensivas.
ResponderExcluirSilvia Tieko Yano