6 de janeiro de 2008

A desambição e o desenvolvimento



O desenvolvimento de Joinville foi impulsionado, desde as suas origens, pela ambição dos seus líderes. A criação das suas empresas, os esforços feitos ao longo de décadas para dotar a cidade de uma rede de ruas, estradas, de abastecimento de água, de energia, ou inclusive quando foram instalados os primeiros telefones, foram construídos olhando não só a pacata Joinville daqueles dias, foram planejados e construídos antevendo o futuro de Joinville. Ambicionado uma cidade melhor, mais próspera e preparada para crescer.

Poucos exemplos são tão representativos daquela Joinville ambiciosa e altiva como a construção, há mais de um século, da Rua das Palmeiras e da atual sede do Museu Nacional de Imigração e Colonização, impensáveis hoje a luz do atual padrão das nossas obras públicas. Belo conjunto arquitetônico, que reúne num único ambiente o melhor e mais representativo de uma cidade que fitava o futuro.

Quando uma cidade cresce 1200 carros novos ao mês, e a medida que se toma é a implantação de mais binários, estamos vivendo uma fase de profunda desambição.

Não que os binários não sejam soluções adequadas a uma cidade como Joinville, que faz anos que deixou de ambicionar um futuro melhor para se conformar com um futuro possível.

A desambição não se limita ao trânsito, permeia também a nossa forma de tratar a saúde, onde o máximo que aspiramos é reduzir as filas, nem nos propomos a acabar com elas. Nem sonhamos em melhorar a nossa infra-estrutura urbana, só um remedinho aqui e outro lá.

A sensação é a de estarmos desistindo de sonhar e de querer uma cidade melhor. A sensação é a de que o que temos já está bom demais, que devemos nos satisfazer, que não temos o direito de querer uma cidade melhor, que pense e planeje um futuro melhor para os nossos filhos e netos.

Devemos recuperar a nossa capacidade de desejar veementemente, de querer com toda a força e dedicar a nossa capacidade a construir uma Joinville melhor. Afastando a mediocridade dos que querem nos convencer que já temos mais do que merecemos e que não devemos esperar mais. Que esta é a única Joinville possível.

Publicado no AN Cidade

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