23 de dezembro de 2012

Dia 25



É fácil acreditar que como o mundo é redondo nos somos o centro dele. Achamos que tudo gravita em redor de nos. O ser humano esta cada vez mais deixando de ser humano. Às vezes nos sentimos tentados a pensar que tendo sido feitos a imagem e semelhança de Deus estamos mais próximos de semideuses que dos homens. Há quem acredite que somos mesmo superiores, chegamos a acreditar que somos melhores que as outras raças com as que compartilhamos este planeta. É justamente esta ausência total de humildade a que nos perde e nos faz esquecer que somos simplesmente seres humanos.

Quanto mais conheçamos e convivamos com outros seres humanos, maior será a probabilidade que descubramos o quanto há de igual entre cada um de nos e o pouco que há que nos diferencie. Se fizermos um pequeno esforço nos daremos conta que não só não somos superiores a ninguém, pode até ser que sejamos inferiores a muitos outros.

A pesar da mensagem natalina, ser uma mensagem de amor e paz. Obviamos o quanto há de humildade numa família que não tendo onde ficar acabaram passando a noite num estábulo e uma criança nasceu numa manjedoura, tendo por companhia um boi e um asno. Se esta reflexão não for suficiente, seria bom lembrar que a maioria dos mais de sete bilhões de habitantes deste planeta, não celebram o dia 25 de dezembro. Para Budistas, muçulmanos, judeus, hindus e a maioria das religiões animistas, o dia de Natal é um dia como qualquer outro.

Natal deve ser um tempo para reflexão sobre a vida, sobre a tolerância, sobre o amor, sobre a família. Um tempo que tem se convertido numa data comercial, em que há neve nos trópicos, renas puxando trenós impossíveis e velhinhos acima do peso descendo de helicóptero em centros comerciais ou em campos de futebol. O consumismo e o materialismo nos afastam da origem e da mensagem de fé e amanha será outro dia. Quando ter for mais importante que ser a mensagem é que estamos a cada dia mais longe do espírito natalino. O dia 26 de dezembro tem se convertido no dia de trocar os presentes recebidos pelos que teríamos gostado de receber. As festas natalinas são o tempo de cometer excessos gastronômicos e etílicos permitidos. Em definitiva Natal parece ter se convertido mais num tempo em que nos dedicamos a afastarmos mais do que deveria ser a sua origem e objetivo em lugar de nos dedicar a aproximarmos dele e recuperar os valores e princípios que de verdade são importantes.

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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