Nelson Jvlle deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Escolher
entre o fácil e o difícil (*)":
Organizar, planejar, prever.
O engraçado é que esta sempre foi uma das características do joinvilense, desde a barca Colon. Penso que o marco final dessa filosofia se deu no governo Freitag.
No meu tempo de garoto, orgulhavamo-nos das nossas ruas e calçadas largas, previstas para os próximos cinquenta anos, fato corroborado também pelos nossos visitantes de fora. O padrão de comparação era São Chico, que, por ser de outra origem étnica, sempre foi encarada com certo desdém pela nossa população. Esse desdém, hoje em dia, é total e fortemente dirigido a Florianópolis, de idêntica origem étnica.
Lembro-me dos serviços urbanos bem feitos, tubos de drenagem decentes, calceteiros (sim, ainda não havia asfalto "casca de ovo") competentes e dedicados assentando pedra por pedra nossas ruas com esmero e carinho. Resultavam daí ruas calçadas a paralelepípedos sem ondulaçãos e com abaulamento perfeito.
Bons tempos esses...
O que aconteceu depois de Freitag?
Que fenômenos sociológicos e políticos nos transformaram numa cidade de péssimos serviços públicos, muita enrolação de políticos (nos quais infelizmente a população continua a acreditar e obedecer cegamente) e discursos megalomaníacos?
Ontem, assistindo a uma sessão da CVJ no canal 16 Net, um vereador repetia de boca cheia o estribilho mais repetido na cidade: somos a maior e melhor cidade do estado e não podemos ser tratados assim!!! (não lembro qual era a proposição)
Como se as outras fossem piores, e nelas ninguém trabalhasse. Sim, porque em algum momento da história colocaram no inconsciente coletivo do povo joinvilense a crença de que ele é o que mais trabalha, o que mais arrecada e não fosse isso, o estado iria à bancarrota.
Mais. Também nos convenceram que todo o nosso suor serve só para sustentar Florianópolis, "cidade que só tem políticos corruptos e funcionários preguiçosos, que vivem se divertindo na praia às nossas custas". Ouço isso ha pelo menos uns quarenta anos.
E por fim, depois de tanto trabalhar, arrecadar e enviar o dinheiro para a capital, não nos dão nada em troca.
E mesmo quando elegemos um governador daqui, que poderia corrigir a suposta injustiça, ele faz menos ainda. Mas continuamos votando e acreditando nele...
Acho que o fato de nos consideramos "coitadinhos" e "prejudicados" é a melhor desculpa para nos mantermos na inércia e ficarmos escondidos atrás da nossa própria incapacidade.
É sempre mais fácil assumir a condição de vítima do que ir à luta, onde fatalmente acabaremos tomando alguns arranhões. Mas não conheço nenhuma outra maneira de ir para a frente.
Minha formação acadêmica (engenheiro) não permite que me aprofunde mais nessa questão, mas penso que qualquer iniciativa que venha a ser tomada, seja ela qual for, deverá ser precedida de um amplo estudo antropológico, sociológico e psicossocial, para ao menos tentar eliminar essa "neura" joinvilense.
Não é olhando para o côcho do vizinho que vamos melhorar o nosso.
Somos a cidade mais populosa do estado? Claro que sim.
Temos o maior parque industrial? Sem dúvida.
Temos uma enorme circulação de recursos em nosso meio? Óbvio.
São fatores que, sem arrogância, podem e devem nos orgulhar. Mas isso não nos dá o direito de exigir mais que as outras cidades do estado, que proporcionalmente pagam exatamente o mesmo que pagamos. Mas é mais facil se fingir de "explorado" e ao mesmo tempo estufar o peito - "Somos a maior!!" (parece que isso nos basta)
Nossos espertos políticos sabem há décadas que essa é a melhor maneira de obter votos aqui.
Senhor Castan, perdoe o texto extenso. Sei que muitos jogarão pedras, mas acho que vale a pena analisar esse ângulo.
Organizar, planejar, prever.
O engraçado é que esta sempre foi uma das características do joinvilense, desde a barca Colon. Penso que o marco final dessa filosofia se deu no governo Freitag.
No meu tempo de garoto, orgulhavamo-nos das nossas ruas e calçadas largas, previstas para os próximos cinquenta anos, fato corroborado também pelos nossos visitantes de fora. O padrão de comparação era São Chico, que, por ser de outra origem étnica, sempre foi encarada com certo desdém pela nossa população. Esse desdém, hoje em dia, é total e fortemente dirigido a Florianópolis, de idêntica origem étnica.
Lembro-me dos serviços urbanos bem feitos, tubos de drenagem decentes, calceteiros (sim, ainda não havia asfalto "casca de ovo") competentes e dedicados assentando pedra por pedra nossas ruas com esmero e carinho. Resultavam daí ruas calçadas a paralelepípedos sem ondulaçãos e com abaulamento perfeito.
Bons tempos esses...
O que aconteceu depois de Freitag?
Que fenômenos sociológicos e políticos nos transformaram numa cidade de péssimos serviços públicos, muita enrolação de políticos (nos quais infelizmente a população continua a acreditar e obedecer cegamente) e discursos megalomaníacos?
Ontem, assistindo a uma sessão da CVJ no canal 16 Net, um vereador repetia de boca cheia o estribilho mais repetido na cidade: somos a maior e melhor cidade do estado e não podemos ser tratados assim!!! (não lembro qual era a proposição)
Como se as outras fossem piores, e nelas ninguém trabalhasse. Sim, porque em algum momento da história colocaram no inconsciente coletivo do povo joinvilense a crença de que ele é o que mais trabalha, o que mais arrecada e não fosse isso, o estado iria à bancarrota.
Mais. Também nos convenceram que todo o nosso suor serve só para sustentar Florianópolis, "cidade que só tem políticos corruptos e funcionários preguiçosos, que vivem se divertindo na praia às nossas custas". Ouço isso ha pelo menos uns quarenta anos.
E por fim, depois de tanto trabalhar, arrecadar e enviar o dinheiro para a capital, não nos dão nada em troca.
E mesmo quando elegemos um governador daqui, que poderia corrigir a suposta injustiça, ele faz menos ainda. Mas continuamos votando e acreditando nele...
Acho que o fato de nos consideramos "coitadinhos" e "prejudicados" é a melhor desculpa para nos mantermos na inércia e ficarmos escondidos atrás da nossa própria incapacidade.
É sempre mais fácil assumir a condição de vítima do que ir à luta, onde fatalmente acabaremos tomando alguns arranhões. Mas não conheço nenhuma outra maneira de ir para a frente.
Minha formação acadêmica (engenheiro) não permite que me aprofunde mais nessa questão, mas penso que qualquer iniciativa que venha a ser tomada, seja ela qual for, deverá ser precedida de um amplo estudo antropológico, sociológico e psicossocial, para ao menos tentar eliminar essa "neura" joinvilense.
Não é olhando para o côcho do vizinho que vamos melhorar o nosso.
Somos a cidade mais populosa do estado? Claro que sim.
Temos o maior parque industrial? Sem dúvida.
Temos uma enorme circulação de recursos em nosso meio? Óbvio.
São fatores que, sem arrogância, podem e devem nos orgulhar. Mas isso não nos dá o direito de exigir mais que as outras cidades do estado, que proporcionalmente pagam exatamente o mesmo que pagamos. Mas é mais facil se fingir de "explorado" e ao mesmo tempo estufar o peito - "Somos a maior!!" (parece que isso nos basta)
Nossos espertos políticos sabem há décadas que essa é a melhor maneira de obter votos aqui.
Senhor Castan, perdoe o texto extenso. Sei que muitos jogarão pedras, mas acho que vale a pena analisar esse ângulo.
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