Este blog outorga a primeira bolsa de estudos da Cátedra Al-Khwarizmi de Matemática para administradores públicos para a presidente do IPPUJ, Roberta N. Schiessl, pelo seu texto “Entre a matemática e a vida”. Não tanto pelos cálculos que fez para chegar a estranhos 99,9 %, como pelas respostas que não deu, para justificar o descompasso entre a oferta atual de espaço já autorizado para receber 9.000.000 de habitantes e os projetados 750.000 habitantes que o próprio instituto que preside apresenta. Sem que fosse preciso aumentar um único andar adicional os já permitidos hoje. Na falta de argumentos técnicos e precisos uma opção adequada é optar por uma abordagem mais emotiva e com menos conteúdo.
Sobre o fato de confundir a taxa da ocupação da torre de 50 % com a taxa de ocupação de 100 % no embasamento de 4 andares com permeabilidade 0%, para as áreas de adensamento 1 (em vermelho no mapa apresentado pelo IPPUJ ao Conselho da Cidade) não acredito que seja má fé e sim puro desconhecimento.
Como diz o meu xará Jordi Bordas, “ O menor caminho entre dois pontos é o mais bonito” e os nossos caminhos em Joinville estão ficando cada dia mais longos.
Entre a matemática e a vida, por Roberta Noroschny Schiessl*
Curioso o artigo “As contas, sempre as contas”, de Jordi Castan (13/6), uma vez que é idêntico ao texto publicado no dia 9 de maio no mesmo espaço. A repetição do artigo é demonstração de que o colunista quer e merece resposta, já que ocupa 99,9% do espaço que lhe destina este jornal para criticar incisivamente as ações do Ippuj, e deve ser, no mínimo, ouvido e avaliado. Segundo o referido artigo, dados do instituto demonstram que a cidade tem 52 milhões de metros quadrados em vazios urbanos e que a conta do articulista levaria a 145 mil lotes disponíveis para habitação. Esses lotes proporcionariam moradia para mais 600 mil habitantes, sem necessidade de adensar e verticalizar. Parece lógico? Sim, é matemático. Mas isso, segundo arquitetos e urbanistas, não é planejamento urbano.
A proposta do Ippuj prevê adensamento prioritário sobre os lotes baldios, colocando as pessoas na malha urbana onde ela já existe, para não abrir mais ruas, que dependerão de mais infraestrutura urbana, permitindo que investimentos sejam destinados aos espaços já ocupados.
Quando se impulsiona a verticalização com elevação de gabarito, propõem-se prédios com formas sustentáveis, ou seja, mais esbeltos, que ocupem menos o solo urbano e garantam mais ventilação, insolação e permeabilização. Essa proposta se coaduna com o pensamento dos urbanistas contemporâneos, que recomendam prédios altos, com taxa de ocupação do solo limitada, em lugar de construções mais baixas, ocupando maior área e impermeabilizando o solo. Convém lembrar que o texto do Ippuj limita a taxa de ocupação do solo a 50% e cria a de permeabilidade em 20%, liberando o chão da cidade para seus pedestres.
Além disso, impulsionar a moradia no Centro da cidade é dar a esse espaço maior vitalidade, mesclando moradia com serviços – conceito de cidade compacta – reduzindo o deslocamento das pessoas com automóveis, que geram queima de combustíveis fósseis e perda de qualidade de vida quando exigem uso por tempo prolongado. Como diria o arquiteto e urbanista catalão Jordi, este de sobrenome Bojas: “A menor distância entre dois pontos é o caminho mais bonito”.
Lendo atentamente a parte da proposta que trata das ARTs (áreas rurais de transição) e Arucs (áreas rurais de uso controlado), o articulista verificará que o uso continua rural, mas com efetivo controle, porque ao poder público não é dado agir quando a lei assim não o prevê. A falta de expressa previsão legal da forma como a cidade quer a ocupação dessas áreas é que contribui para seu uso inadequado. Enfim, a matemática é instigante, mas a vida é muito mais. É para ela que se pensa a cidade.
*presidente da Fundação Ippuj
ENTRE A MATEMÁTICA E A LÓGICA
ResponderExcluirDuas informações surgiram no jornal A Notícia na sua edição 25.623 sobre o planejamento da cidade. A primeira, do Jefferson Saavedra, refere-se a priorização do zoneamento da ART Sul solicitada pelos “empresários”, onde estão previstos os empreendimentos do parque da AJORPEME, campus da UFSC e a GM e, a proposta teria apoio do IPPUJ. Pelo que sei, nenhum destes empreendimentos tem características rurais, ao contrário do que a presidenta do IPPUJ afirma em seu artigo na mesma edição (“Entre A Matemática e a Vida”), que as ARTS são “áreas rurais de uso controlado”. Controlado por quem? Um campus, uma pólo industrial e uma indústria de grande porte atrairão para seu entorno gente, negócios, novas construções, tráfego, etc., alterando uma área muito frágil. Então, ”babau” área rural. Saindo da matemática e entrando na lógica, as afirmações sugerem que a cidade tem donos, que decidem como o planejamento deverá ser tocado, dando certo sentido à frase: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”.