11 de junho de 2011

As contas, sempre as contas




As contas, sempre as contas


Não parece que as contas sejam o forte dos nossos políticos. Na Prefeitura de Joinville, a alegada dívida deixada pelo governo anterior circulou entre R$ 100 milhões, R$ 50 milhões ou R$ 25 milhões. Na Câmara, alguns vereadores ainda não têm certeza de quanto foi o aumento de IPTU que eles aprovaram. Não sabem quanto representa de aumento 2% sobre o valor venal do imóvel, ou quanto é um desconto de 3% sobre o valor do imposto devido. São contas complexas e que a maioria tem tido dificuldade em fazer.


O Ippuj nos brinda com algumas informações interessantes. Joinville tem 52 milhões de metros quadrados em vazios urbanos, já descontadas as áreas com restrições ambientais. Sobram dentro do perímetro urbano 52 milhões de metros quadrados vazios. Numa conta fácil, conta que quitandeiro faz centenas de vezes por dia, considerando o lote mínimo de 360 metros quadrados, caberiam neste vazio 145 mil lotes. Se considerarmos uma media de quatro membros por família, estaríamos falando de quase 600 mil habitantes a mais. Sem aumentar um metro o perímetro urbano e sem levantar nenhum andar.


As contas que o Ippuj apresenta para justificar o desejo de adensamento e verticalização tem a consistência de uma nuvem, do ar puro, em outras palavras nenhuma. Se o mesmo instituto estima que no atual perímetro urbano, com os coeficientes e gabaritos atuais caberiam em Joinville nove milhões de habitantes, sem alterar o zoneamento atual e os mesmos técnicos projetam uma Joinville de 750 mil habitantes para 2035. Como justificar, a vontade de verticalizar, de adensar a cidade?


O discurso do elevado custo da infraestrutura urbana tampouco é consistente ou acaso vamos a deixar de asfaltar, fornecer água e esgoto aos moradores de todas e cada uma das ruas do perímetro urbano atual? Com certeza que não. O que devemos é nos empenhar em manter o atual perímetro urbano, evitando o seu avance sobre a área rural e as áreas verdes remanescentes por médio de ARTs, ARUCs e outras artimanhas legais.


Uma idéia seria implantar na Escola do Legislativo, já proposta pelo presidente da Câmara de Vereadores, um curso de matemática básica. Para ensinar pouca coisa mais que as quatro operações e um pouco de senso comum. Que poderia receber o nome de cátedra Al-Khwarizmi em homenagem ao matemático árabe que desenvolveu a aritmética e a álgebra. Gottfried W. Leibniz e Leonardo de Fibonacci seriam alternativas de nomes.

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...