26 de maio de 2010

PLANEJANDO UM BANANAL


PLANEJANDO UM BANANAL


Meu filho, aluno de 2° grau veio me contando das bananas que comemos serem de bananeiras nascidas de reprodução assexuada, não tendo sementes ou são estéreis. Tal forma de clonagem permite criar uma nova planta em oposição à criação de híbridos de relação sexuada.


Vêm-me à mente a reprodução dos tecidos urbanos nas cidades dos países em desenvolvimento, quanto aos seus modelos se demonstram incapazes de solucionar problemas da vida urbana. Manchetes diárias atestam as doenças da cidade: desorganização social, riscos e violência, falta de saneamento e outras infra-estruturas, poluição e deseconomias urbanas.


Que tecido (sem pai, nem mãe) possui tal poder de desorganizar a cidade e lhe impor a decadência coletiva. Um de seus genes dominantes esta no entendimento da maioria que o crescimento constitui o progresso, pois a cidade populosa contém mais quantidades de produtos e serviços, portanto mais consumidores.


Precisamos de um tecido urbano hibrido fruto de relação partilhada e participativa que contenha e distribua seus genes pela sociedade em suas decisões e comportamentos. Este tecido hibrido teria a força de se impor pela construção autentica, solidaria e coletiva.


Ainda sobre os tecidos clonados das bananeiras, o que os “promotores de venda” não nos contam é que se uma praga atingir o “bananal”, esta será totalmente dizimada por não possuir defesas genéticas. O tecido urbano hibrido conteria inúmeros genes diferenciados que poderão nos fornecer dados ou soluções consensuadas poderosas em compromisso e legalidade.


Infelizmente a tentada “urbanificação” se reduz a esquemas superficiais e pictóricos, monólogos, descrédito de propostas e inteligências, valorizando mais aspectos econômicos e impedindo ver a real dimensão humana e desprovida de estratégias para o meio ambiente que nos sustenta, reforçando o conceito do “planejamento bananeira”, somadas ainda de nossas incapacidades em determinar uma solução equilibrada e prospera da cidade que desejamos.


Se nos encontramos sob os efeitos de tais contradições como podemos falar do homem na cidade do futuro, e pior, o que ele falará de nós?


Arno Kumlehn

Arquiteto e Urbanista

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