8 de julho de 2013

Anotações de viagem [2]

Espaços plurais e democráticos

Aeroportos são ao mesmo tempo espaços cosmopolitas, templos da diversidade e da pluralidade. Encontrar lado a lado alguém literalmente de short e chinelo e alguém carregando um casaco polar e até uns esquis para neve. Ou ver na mesma fila um shik, um judeu ortodoxo e uma família muçulmana com as mulheres usando hijab, nicab e algumas até com o cabelo solto e a melhor prova da nossa capacidade para conviver nos mesmos espaços desde o respeito.

O voo da El Al para Tel Aviv parte do mesmo terminal que os voos para Amman, Beirut ou Cairo. Pessoas que tem seus países separados por muros, arame farpado e fronteiras intransponíveis compartem aqui os mesmos espaços. A sobriedade das cores escuras dos representantes dos movimentos mais conservadores se mistura com o colorido de sharis ou camisas havaianas. Mulheres vestidas com burkas caminham lado a lado com outras seminuas recém-chegadas de alguma praia distante.


Os voos da PIA e de Air India compartem o mesmo terminal e mesmo estando ainda oficialmente o Paquistão e a Índia em guerra na região da Caxemira, o aeroporto é um espaço de paz, é verdade que uma paz barulhenta e caótica, mas um espaço em que é possível conviver simultaneamente com as diferenças e a pluralidade. Como si se tratasse de uma versão popular e moderna das Nações Unidas em que todas as nações têm espaço próprio, voz e voto.

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