10 de março de 2013

Unanimidade burra


A comissão preparatória da Conferencia da Cidade é o terreno aonde se trava a luta surda, que antecipa os embates que haverá na Conferencia. Da mesma forma que o fascismo de Hitler e Mussolini utilizou a guerra civil espanhola (1936 -1939) como campo de provas para táticas e armas de guerra que depois seriam amplamente praticadas e aperfeiçoadas na Segunda Guerra Mundial, também na comissão preparatória é possível identificar de uma lado a sociedade representada pelos movimentos populares e do outro o poder publico abertamente mancomunado com o poder econômico.  

No seu anterior formato a Conferencia da Cidade não seguia a representação da sociedade que o Estatuto das Cidades estabelecia no decreto 5970 e que já tinha sido utilizada na audiência que elegeu os delegados que redigiram a minuta do Plano Diretor de 2006.  A prefeitura e o IPPUJ  mudaram a composição para atender os seus interesses criando uma pseudo paridade, que concedia de fato a maioria ao poder público. A nova composição reduziu a desproporção, mas não evitou que o poder público continue controlando o processo, em prejuízo da democracia e dos interesses da maioria da sociedade.

Dizia Nelson Rodrigues que toda unanimidade é burra e provavelmente estava antecipando os debates da citada comissão preparatória. Quando todos os representantes do poder público votam unanimemente as propostas do coordenador, antes mesmo que tenha sido concluída a sua apresentação quer dizer que há um grupo significativo que escolheu deixar de pensar. Convenhamos que há abertamente declarada uma comunhão de interesses entre o poder público e o poder econômico, representado neste caso pelas entidades empresariais e outros segmentos que sofrem da sua influencia. O prefeito Udo Dohler não é homem de meias palavras e declara com veemência a necessidade de aprovar a LOT, ele não tem mencionado que haja necessidade de debater a proposta com a sociedade e cumprir a lei, seu discurso se reduz a necessidade de aprovar.

É evidente que ainda haverá de passar muita água por baixo das pontes do Cachoeira antes que Joinville tenha um modelo de desenvolvimento urbano que seja democrático, participativo e busque atender os interesses de todos e não de uma minoria. Mas os indícios de autoritarismo e a manipulação em que tem se convertido as reuniões da comissão preparatória, são um caso para ser estudado. Seria conveniente que em prol da transparência e da justiça as reuniões fossem registradas adequadamente, as atas até agora elaboradas estão mais perto de ficção que da realidade.

Publicado no jornal A Notícia de Joinville SC

4 comentários:

  1. Uma vez tomada a decisão de não dar ouvidos mesmo aos melhores contra-argumentos: sinal do caráter forte. Também uma ocasional vontade de se ser estúpido.

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  2. Pergunta impertinente: A Lot não foi debatida e construída desde 2006? No que o embróglio jurídico invalida a qualidade da tese formada então? O que me lembro nela também tem teu DNA.

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    Respostas
    1. Prezado Atalaia,

      A sua pergunta não é impertinente, é tendenciosa. Porque ignora ou desconsiderá a base da ação popular que impediu o votação da LOT.

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  3. Troca Atalaia por Jurubeba e vc.deixa de se encomodar e de quebra se notifica.

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