O que desconhecemos é sempre maior que o que aprendemos, somos eternos
aprendizes. A revitalização da Alameda Bruestlein tem proporcionado novos
conhecimentos. O primeiro é que é possível revitalizar algo que não esteja
morto. Há nestes dias uma obsessão, quase patológica, em revitalizar,
requalificar, atualizar, reformar. O segundo é mais interessante é que a
arqueologia não é só, como erroneamente se imaginava, o estudo científico do
passado da humanidade, mediante os testemunhos materiais que dele subsistem a
arqueologia tem se adequado aos tempos em que vivemos e passou a utilizar um
conceito mais amplo e elástico de “passado” deixou de ser o ontem, num conceito
amplo e passou a ser o anteontem, quase que em sentido literal.
A Rua das Palmeiras era até muito pouco tempo atrás, exatamente isso,
uma rua, com paralelepípedo, com carros estacionados e circulando. A penúltima intervenção
que mudou o seu perfil e contexto foi perpetrada na década de 70, coisa por
tanto de pouco mais de 40 anos. Uma eternidade no entender dos estudiosos de
uma cidade que recém celebrou os seus 161 anos, menos de um minuto para uma
sociedade que ocupa a terra há pouco mais de 50.000 anos. Se nos atemos aos
relatos históricos, fartamente documentados, sobre a Alameda, o paralelepípedo existente
foi retirado e foi feito um aterro para converter o espaço que era dos carros
numa área gramada e em canteiros floridos. A menos que o barro empregado para
realizar o dito aterro, fosse originário de alguma área de valor arqueológico e
histórico, o que parece que não é o caso e se trata do mais prosaico barro de
jardim. O valor arqueológico do que lá possa ser encontrado deve ser baixo ou
nulo.
Se o objetivo do importante trabalho de pesquisa é identificar restos da
civilização que existiu em Joinville na época da obra, final da década de 70
será possível achar restos e traços daquela cultura de hominídeos, ou estaremos
assistindo uma vez mais a um belo jogo de cena, porque as escavações não têm
avançado abaixo do nível da rua existente. Mas confesso que gostei de ver os coletes
vermelhos dos arqueólogos, o seu trabalho preciso e precioso, a sua paciência e
atenção na busca de tesouros arqueológicos de povos que ocuparam esta região
antes que nós.
Gente mal intencionada assevera que fora de cachimbos para fumar crack, preservativos, champinhas da extinta cerveja Antarctica de Joinville ou garrafas de Mayerle Boonekamp, pouco mais de valor deverá
ser achado. Asseguram ainda que o trabalho que esta sendo realizado é pura
pirotecnia arqueológica, num momento em que o Museu de Sambaqui esta
interditado.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
Prezado Jordi,
ResponderExcluirNão participo das ações deste grupo encarregado da "revitalização" da Alameda, porém acho curioso que neste trabalho os noticiários falem em arquitetos e arqueólogos, e não citem um Engº Agronomo ou Florestal que esteja acompanhando justamente o objeto do tombamento, que são as palmeiras. Deveria haver um procedimeto formal escrito com ART de execução inclusive de um profissional desta área. Será que existe?
E eu que pensei que fôsse trabalho de aula...
ResponderExcluirPÕ...Tampinhas da cerveja Antarctica de Joinville tem valor histórico.
ResponderExcluirSe fizer enquete no Blog as tampinhas ganham disparado
champinhas ,,, era chamado assim !!!
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