20 de março de 2012

Pirotecnia arqueológica


Pirotecnia arqueológica

O que desconhecemos é sempre maior que o que aprendemos, somos eternos aprendizes. A revitalização da Alameda Bruestlein tem proporcionado novos conhecimentos. O primeiro é que é possível revitalizar algo que não esteja morto. Há nestes dias uma obsessão, quase patológica, em revitalizar, requalificar, atualizar, reformar. O segundo é mais interessante é que a arqueologia não é só, como erroneamente se imaginava, o estudo científico do passado da humanidade, mediante os testemunhos materiais que dele subsistem a arqueologia tem se adequado aos tempos em que vivemos e passou a utilizar um conceito mais amplo e elástico de “passado” deixou de ser o ontem, num conceito amplo e passou a ser o anteontem, quase que em sentido literal.

A Rua das Palmeiras era até muito pouco tempo atrás, exatamente isso, uma rua, com paralelepípedo, com carros estacionados e circulando. A penúltima intervenção que mudou o seu perfil e contexto foi perpetrada na década de 70, coisa por tanto de pouco mais de 40 anos. Uma eternidade no entender dos estudiosos de uma cidade que recém celebrou os seus 161 anos, menos de um minuto para uma sociedade que ocupa a terra há pouco mais de 50.000 anos. Se nos atemos aos relatos históricos, fartamente documentados, sobre a Alameda, o paralelepípedo existente foi retirado e foi feito um aterro para converter o espaço que era dos carros numa área gramada e em canteiros floridos. A menos que o barro empregado para realizar o dito aterro, fosse originário de alguma área de valor arqueológico e histórico, o que parece que não é o caso e se trata do mais prosaico barro de jardim. O valor arqueológico do que lá possa ser encontrado deve ser baixo ou nulo.

Se o objetivo do importante trabalho de pesquisa é identificar restos da civilização que existiu em Joinville na época da obra, final da década de 70 será possível achar restos e traços daquela cultura de hominídeos, ou estaremos assistindo uma vez mais a um belo jogo de cena, porque as escavações não têm avançado abaixo do nível da rua existente.  Mas confesso que gostei de ver os coletes vermelhos dos arqueólogos, o seu trabalho preciso e precioso, a sua paciência e atenção na busca de tesouros arqueológicos de povos que ocuparam esta região antes que nós.

Gente mal intencionada assevera que fora de cachimbos para fumar crack, preservativos, champinhas da extinta cerveja Antarctica de Joinville ou garrafas de Mayerle Boonekamp, pouco mais de valor deverá ser achado. Asseguram ainda que o trabalho que esta sendo realizado é pura pirotecnia arqueológica, num momento em que o Museu de Sambaqui esta interditado. 


Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

4 comentários:

  1. Prezado Jordi,
    Não participo das ações deste grupo encarregado da "revitalização" da Alameda, porém acho curioso que neste trabalho os noticiários falem em arquitetos e arqueólogos, e não citem um Engº Agronomo ou Florestal que esteja acompanhando justamente o objeto do tombamento, que são as palmeiras. Deveria haver um procedimeto formal escrito com ART de execução inclusive de um profissional desta área. Será que existe?

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  2. E eu que pensei que fôsse trabalho de aula...

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  3. PÕ...Tampinhas da cerveja Antarctica de Joinville tem valor histórico.

    Se fizer enquete no Blog as tampinhas ganham disparado

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  4. champinhas ,,, era chamado assim !!!

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