Mais
segurança ou mais multas?
A
Conurb está mais interessada na segurança das pessoas ou em cobrar multas?
As recomendações do TCE (Tribunal de Contas do Estado) levaram a Conurb
a suspender temporariamente a licitação para alugar aproximadamente 100 radares
e lombadas eletrônicas, pelos que a empresa pagará um valor aproximado aos R$
23 milhões. O objetivo declarado é o de melhorar a segurança no trânsito de
Joinville. Mas a
verdade pode ser bem diferente.
A Conurb desenvolveu, ao longo do tempo, um
modelo de negócio de uma simplicidade assustadora: precisa multar para pagar
seus custos operacionais. A receita originária das multas de transito é a fonte
de recursos principal - e praticamente única - para pagar salários, alugar
veículos e equipamentos e fazer frente às suas despesas operacionais. O que
transforma a arrecadação através das multas em uma necessidade.
No trânsito também há soluções simples, econômicas e rápidas. O problema
é que estas soluções não enchem de dinheiro as esfomeadas arcas da empresa. Pouco tem a ver, neste caso,
se a Conurb é uma empresa de economia mista ou uma autarquia como está sendo
proposto. O problema reside claramente no modelo do negócio. Ter que
multar não é o melhor nem para a cidade, nem para os motoristas, nem para o
trânsito.
Um exemplo bem simples que permite ilustrar a situação. A rua Helmuth
Fallgater tem, no trecho entre o terminal urbano Tupy e a Delegacia do Boa
Vista, duas lombadas eletrônicas de 40 km localizadas na frente da Escola
Presidente Medici e da Igreja do Evangelho Quadrangular. Funcionam 24 horas por
dia, sete dias por semana. Haja
ou não culto, haja ou não aula. Às 2:00 da madrugada, sem alunos na rua, ou às
11h30min, horário de saída, o seu funcionamento é o mesmo. Os veículos, ao se
aproximarem, reduzem a velocidade, em alguns casos até freiam bruscamente, para
não serem multados. A sua função é burra, porque não obrigam a detenção do
carro, só obrigam a uma redução da velocidade. Continuam funcionando mesmo
quando o motivo que justificou a sua instalação deixou de existir.
Há duas sinaleiras, acionadas manualmente, a primeira na frente do
terminal urbano Tupy e a segunda na faixa de pedestres entre a Igreja Católica
e a Creche Bakita. Os
sinaleiros são acionados exclusivamente quando os pedestres precisam atravessar
a rua. Caso contrário, o trânsito flui normalmente, sem redução de velocidade,
sem freadas, sem perigo. Quando acionado o sinaleiro a luz vermelha obriga o
veiculo a deter-se completamente e os pedestres podem atravessar a rua em total
segurança.
A
diferença entre um e outro sistema é que um multa enquanto o outro não. Que um
detém completamente o veículo para que o pedestre possa atravessar em completa
segurança. Que um só é acionado quando é verdadeiramente necessário e o outro esta
aí esperando que alguém passe a 46 km frente a uma escola vazia. A arrecadação
só aumenta, porque há cada vez mais bocas para alimentar.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
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