De
tanto escutar que a prefeitura não tem dinheiro para nada. Que nenhuma obra
pública importante pode ser levada adiante pela falta de recursos para fazer as
desapropriações necessárias. Que a capacidade de endividamento da nossa cidade
esta comprometida, que é preciso arrecadar ainda mais, confesso que quase acreditei.
Cada
vez que o prefeito começa com a cantilena a minha primeira iniciativa era por a
mão no bolso e ver se tinha uns trocados para oferecer. Porque o discurso é
quase um discurso de pedinte. Daquele que já não tem mais credito e ficou sem
dinheiro até para comprar o pão e o leite. Situação constrangedora para a
cidade que insiste em se apresentar como a maior de Santa Catarina, a terceira
maior economia do sul do Brasil, a Manchester Catarinense e por aí afora. Bater
no peito e estar quebrado é uma situação para envergonhar a quaisquer um. Se
não morasse aqui, diria que me produz vergonha aleia esta situação de extrema penúria.
Mas
surgem dados que mostram que Joinville é sim uma cidade rica, que o seu
orçamento é maior que o de muitas cidades de porte e população semelhante, que o
que aqui se arrecada graças à pujança da nossa economia é significativo e
deveria nos permitir estar numa situação mais confortável. O jornalista
Jefferson Saavedra do jornal A Noticia informa que: “A receita de R$ 1 bilhão
apurada em 2011 fica acima da media de municípios do mesmo porte. Londrina
fechou com R$ 840 milhões e Juiz de Fora, também com 520 mil habitantes como
Joinville, teve receita de R$ 830 milhões. Com população um pouco menor, Caxias
do Sul teve R$ 962 milhões à disposição no ano passado. Uberlândia atingiu R$
1,1 bilhão, mas têm 90 mil moradores a mais do que Joinville. As cidades com
receitas bilionárias no interior paulista, na faixa do R$ 1,3 bilhão registrado
no ano passado, como Sorocaba e Ribeirão Preto, já passaram dos 600 mil
habitantes.”
O
problema deverá neste caso ser encarado desde outra perspectiva. A da própria administração
que se faz dos recursos públicos. O prefeito Carlito Merss divulgou nestes dias
que o gasto em saúde aumentou dos 15% exigidos por lei para os atuais 32%, bem
mais que os 26% da gestão anterior. Se gastar muito é um indicador bom, eu fico
mais preocupado, pode ser que esta forma de avaliação tenha nos trazido até a
situação atual. Os administradores defendem que se gaste bem e não que se gaste
muito. Se a saúde municipal não estivesse vivendo uma situação de crise
permanente até poderíamos encontrar quem concordasse com que o aumento é um bom
indicador. O próprio peso da folha, do pagamento de juros e do principal da
divida representa um peso significativo no orçamento do município e drena os
recursos necessários, não só para a manutenção e recuperação do deteriorado patrimônio
público, também para novos investimentos. Hoje é provável que uma analise mais
criteriosa destes dados mostre indicadores elevados de desperdício, gasto
excessivo e má administração.
Vivemos numa pobre cidade rica e pagamos o preço
por isso.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC