11 de agosto de 2011

LÓGICA DA DESORDEM

LÓGICA DA DESORDEM


A expressão “lógica da desordem” foi cunhada por Lúcio Kowarick em “São Paulo 1975: Crescimento e Pobreza”, definindo urbanização no Brasil, a maior do mundo na segunda metade do século 20. O modelo desta lógica está no crescimento urbano do país desde 1950, pela prioridade das obras viárias e incentivo fiscal para o transporte individual; verticalização lote a lote em bairros com infraestruturas públicas e privadas; implantação periférica e precária de habitação popular; expansão horizontal urbana não planejada; destruição do ambiente natural; aumento de resíduos e poluição pelo consumo humano; manutenção de terrenos ociosos e reprodução da desigualdade social e territorial.

A conjuntura econômica dos pós-real e facilitação do crédito permitiu acesso de muitos brasileiros ao mercado que antes estavam alijados. Sonhos da casa própria e do automóvel é agora realidade vista no boom imobiliário e nos congestionamentos. As cidades brasileiras cresceram em tamanho e deficiências que a melhoria econômica tornou evidente.

Podemos planejar a cidade atribuindo importância maior a diretrizes que qualifiquem a vida, evitando e corrigindo distorções resultantes de nossas formas de consumir e produzir no meio ambiente natural e construído limitadas pela sustentabilidade ambiental, social e econômica. Que sob tal enfoque surja o instrumento jurídico capaz de orientar a sociedade na construção da cidade eco eficiente. Outras ferramentas instituídas devem ser informadas para possibilitar a sociedade o controle de seu destino, antes que o ambiente que nos suporta se insurja contra quem não pode lhe dispensar.

A insistência em continuar utilizando a lógica da desordem para planejar a cidade, seja através de alterações pontuais do zoneamento, em muitos casos reduzindo a uma única quadra o objeto da mudança, ou propondo alternativas coloridas que apenas consolidam ou aumentam as desigualdades já existentes, é o triunfo da teimosia sobre a esperança e representa a inviabilização de um futuro melhor para Joinville

Devemos ter coragem, ousadia e competência para mudar o atual modelo de gestão urbana imediatista no tratamento com a natureza material e humana com aprofundamento técnico, científico e democrático de suas características particulares e globais, moldando e implantando cenários de longo prazo desejados no presente por meio de decisões capazes de tornar duradouras suas ações.

Arno Kumlehn

Arquiteto Urbanista

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...