9 de março de 2009

O Independente (2)




Nada
melhor que ser testemunha do nascimento de um novo jornal, " O Independente" alias nasce com um nome forte e carregado de responsabilidade, porque se manter independente, hoje em dia não é nada fácil, e para um jornal que esteja ao serviço de um projeto político, será ainda mais dificil.

Para os leitores do blog, transcrevo um texto de Henry Louis Mencken, que pode ser de importante ajuda, para compreender melhor os objetivos e a linha editorial do novo jornal.

Boas vindas a O Independente.


Henry Louis Mencken (1880-1956)
Extraído de “O livro dos insultos de H. L. Mencken”, Companhia das
Letras, seleção, tradução e prefácio de Ruy Castro

Os proprietários dos jornais marrons são, de fato, os únicos jornalistas verdadeiros que restam no país. Geralmente, são sujeitos cínicos, com uma aguda compreensão das limitações intelectuais do proletariado, mas muitos deles não têm nenhum motivo ulterior para alarmá-lo ou tapeá-lo — todo o seu lucro vem dos disparates que despejam sobre ele.

O problema dos jornais do primeiro escalão é que quase todos estão hoje nas mãos de homens que vêem o jornalismo como uma espécie de linha auxiliar para empreitadas maiores e mais lucrativas — como um meio conveniente de enrolar e anestesiar um público que, de outra forma, se voltaria contra eles. (O que, de certa forma, acontece quando os jornais marrons se voltam contra eles e os expõem.)

A exata natureza destas empreitadas maiores e mais lucrativas nem sempre é muito óbvia. É fácil, naturalmente, somar dois e dois quando um rico empreiteiro, latifundiário ou banqueiro compra um jornal, ou quando outro é comprado por alguém notoriamente de olho numa carreira política. Mas, de vez em quando, o comprador é um sujeito cujo negócio é mais ou menos respeitável e quer não demonstra uma esganação pelo Senado. Então, por quê? Por que arriscaria tanto dinheiro em tal jogo?

A resposta costuma ser encontrada, acredito, em seu descarado Wille zur Match (Vontade de Poder)— sua aspiração, perfeitamente humana, de tornar-se importante e poderoso em sua comunidade, ser cortejado pelos figurões locais, ditar as leis, fazer e desfazer funcionários públicos, atar e desatar cordões políticos.

Outras vezes, sua ambição (ou talvez, mais exatamente, de sua mulher) é meramente social. Quer jantar em certas casas, ser convidado para festas e, acima de tudo, receber certos convidados em sua reluzente mansão em Gold Hill. Bem, um homem que controla um jornal importante não tem a menor dificuldade para conseguir essas ninharias. As chaves do escândalo estão em seus bolsos. Ele é poderoso. Pode premiar ou punir, direta ou indiretamente. As esperanças de todos os outros homens em sua jurisdição estão em seu poder. Se for capaz de se lembrar que a lavanda à sua frente não é para ser bebida, entrará para a sociedade a hora que quiser.



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