2 de outubro de 2009

O paraíso dos formulários perdidos


Ao longo do tempo preenchemos centenas de formulários desnecessários e sem sentido, a maioria completamente inúteis, a burocracia criou e aperfeiçoa a cada dia, um complexo sistema de formulários e trâmites inúteis que garantem a sua sobrevivência e fortalecimento.

Num mundo digital, em que os documentos são scaneados, preencher um formulário esta em muitos casos tão ultrapassado como o corpete de barbatanas de baleia ou cumprimentar as damas inclinando a cabeça e levando a mão discretamente ao chapéu. A nossa burocracia consegue que praticas totalmente ultrapassadas e inúteis não morram e ainda se desenvolvam e criem corpo.

Contam as lendas que no ministério de Turismo em Brasília existe uma sala fechada que guarda todos os formulários preenchidos por brasileiros e turistas que pernoitam em hotéis e hospedagens. Disciplinadamente os empresários do setor enviam centenas de milhares de formulários todos os anos para que repousem empoeirados no limbo dos formulários inúteis. Logo a Conurb devera alugar mais espaço para arquivar todos os formulários dos incautos que tem solicitado a revisão das multas impostas pelos agentes de transito e milhões de segundas vias de notas fiscais são arquivadas em rigorosa ordem numérica em depósitos secretos das secretarias de fazenda de estados e municípios.

Milhões de outros formulários, folhas, autenticações e requerimentos permanecem no limbo espalhados pelo pais, a roda da burocracia só começa a girar a partir da criação de algum modelo de formulário. A sua simplificação, inclusive em alguns casos a sua total extinção, tem sido repetidamente tentada, inclusive ministérios tem sido criados para combater esta chaga que nos tira competitividade. Aqueles que assumem a tarefa de tentar mudar ou reduzir a burocracia, Se convertem em Sisifo, condenados a rolar a sua pesada rocha em direção ao topo do morro, sem nunca conseguir. Tudo tem sido em vão, o reconhecimento de firma representa um dos exemplos mais claros. Minha existência como cidadão, não é provada pelo meu documento de identidade, nem pela minha presença frente ao funcionário publico de plantão, um exemplo refinado desta burocracia que se empenha em criar formas para tirar uns trocados a mais da sociedade, para garantir seus salários e a sua inútil função.

A incapacidade de pensar diferente tem enferrujado sociedades brilhantes. Surpreende que a sociedade aceite com tanta tranquilidade o pesado ónus que esta burocracia concebida e sustentada por hordas de tecnocratas, impõe. Que o Brasil seja menos competitivo que vizinhos como Chile, Uruguai, México ou Colômbia, tem muito a ver com a nossa criatividade para aumentar as dificuldades, exigir novas exigências que só servem para aumentar os custos para a sociedade e empregar mais e mais gente, para fazer cada vez menos.

Em algum lugar deve existir um paraíso para todos estes formulários e documentos inúteis e desnecessários. Eles partem do limbo em que a burocracia os mantém, para um paraíso em que compartem espaço com 10.000 virgens e com carimbos, pastas e arquivos infinitos.

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