1 de maio de 2008

O Tata esta a caminho


O Jornal A Noticia, fez um levantamento entre os pré-candidatos a prefeito, sobre quais seriam as suas propostas, para abordar o grave problema que o transito urbano, representa para uma cidade, que ao longo dos anos tem negligenciado a elaboração de uma proposta estratégica para o transito.

Alguns dos entrevistados apóiam a construção de elevados, sem entender que esta solução, se implantada já chega tarde, discutir rotatórias ou binários, é pura perda de tempo, e basicamente representa debater soluções ultrapassadas, para um problema que é muito mais grave e que nos últimos anos, tem adquirido uma dimensão tal, que podemos considera-la como completamente fora de controle, as nossas cidades perderam esta batalha.

A cidade de São Paulo, convive diariamente com congestionamentos da ordem de 200 km, e os veículos desenvolvem uma velocidade media de 7 km/h, um pouco mais que a velocidade de um pedestre, e menos que a velocidade normal de um ciclista.

De nada adianta discutir mudanças de fluxo, ou rotatórias, numa cidade que como Joinville cresce, uma media de 1200 veículos novos por mês, todos os meses. Não tem como ganhar a corrida contra os congestionamentos. Não temos como construir mais avenidas, ruas ou alargar as que temos, a prefeitura municipal é a primeira que sempre alega não ter recusros para as necessárias desapropriações. Alias não podemos nem empatar, porque durante demasiado tempo, temos nos dedicado a empurrar com a barriga a busca de soluções, concentrados que estávamos em pavimentar, as ruas que já temos.

A chegada do credito de longo prazo para veículos, que podem ser adquiridos em financiamentos de até 7 anos, a chegada dos veículos chineses, como o Chery, a US $ 4.000, menos de R$ 8.000 ao cambio de hoje e a chegada, mais dia menos dia de veículos com o perfil do indiano Tata Nano, por um preço aproximado de R$ 4.000, projetam um futuro complexo. Uma cidade que se empenha, com uma obstinação assustadora, em não enxergar que o problema do transito é mais complexo e que precisaremos pensar e agir de uma forma diferente. Que enfrenta-lo, requer medidas ousadas e que o modelo atual de transporte utilizado, precisa de profundas reformas. Claramente precisamos dirigir os nossos esforços, na direção de um sistema de transporte publico forte, mais eficiente, com o objetivo de ser menos dependentes, das formas de transporte individualizadas, que são ao mesmo tempo consumidoras de energia e mais poluentes.

A implantação de projetos de transporte de massa adequados, que desestimulem o uso do veiculo individual, e a reorganização espacial da cidade, com estudos criteriosos, previstos no Estatuto das Cidades e aqui nunca implantados, necessários para a aprovação de projetos de centros comerciais, empresas, grandes edifícios de mais de 12 andares, universidades, escolas, supermercados e outros polos geradores de transito.

Porque os veículos de baixo custo estão a nossa porta e não teremos espaço para todos, a menos que as nossas ruas virem gigantescos estacionamentos. Este tipo de veículos representarão para a nossa sociedade um impacto semelhante ao que na sua época ocasionou o Ford T, que mudou completamente a sociedade, ocasionando mudanças estruturais, profundas e irreversiveis.

Um comentário:

  1. Muito bem colocado texto lembrando sempre que a indústria automobilística avança em rapidez e tecnologia com a velocidade da luz enquanto as políticas públicas "avança" a passos de tartaruga baiana. Enquanto o petróleo ainda for barato e disponível os motores a combustão a base de combustível fóssil serão predominantes, mas ninguém investe mais em novas tecnologias para novas matrizes energéticas qua a própria industria automobilística. Portanto o carro ainda estará presente em nosso futuro por muito tempo. POrém, existem alternativas e, alguns países investem em projetos e planos que tem por finalidade reduzir o impacto negativo do trânsito, especialmente o individual, investindo muito em tecnologia de planejamento de tráfego, incentivo ao uso de transporte não motorizado, na redução de espaços para estaci0onamento em áreas centrais, investimento em transporte de massa com matriz elétrica (não poluente), abertura de espaços para pedestres, trasnferência dos custos sociais oriundos do trânsito para os principais agentes geradores e, acima de tudo, educação. Então, estamos muito distantes de soluções apropriadas pois nos falta (poder público e sociedade), acima de tudo a humildade em reconhecer que estamos equivocados nas soluções e inertes em propostas. Que venha o "stress".

    Sérgio Gollnick

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