3 de junho de 2012

Um pouco de sujeira faz bem


Um pouco de sujeira é bom e faz bem.


O mesmo noticiário que traz a cada dia toneladas de noticias sobre a sujeira política. Esta sujeira que parece não nos atingir e frente a que alguns até desenvolveram imunidade, traz a noticia que um pouco de sujeira é bom e até faz bem. A noticia não faz referencia a esta sujeira política nefasta, deste tipo de sujeira nenhuma quantidade é aceitável. 


A informação é que médicos e cientistas  europeus descobriram o que o bom senso já preconizava, que o excesso de higiene esta nos matando.
Ótima noticia para um país que ainda tem índices  de esgoto tratado, comparáveis aos de Timboktou? Nada disso. A mesma higiene que tem reduzido as doenças infecciosas, tem feito aumentar as doenças do sistema imunológico, a ausência de algumas bactérias influi no aumento da diabetes, a obesidade ou as alergias.


A cultura  que tem se estabelecido de proteger as crianças numa redoma de vidro, esta produzindo uma nova geração mais vulnerável a novas doenças, claro que a higiene é boa e devemos ser limpos e lavar as mãos com frequência. Só que junto com as bactérias nocivas convivem bactérias benéficas que com o excesso de higiene e limpeza acabam sendo eliminadas e perdemos a proteção que elas nos propiciam. 


Frente a esta febre pela assepsia, os médicos recomendam o bom e velho bom senso, quando uma criança leva um objeto a boca, esta desenvolvendo também os anti-corpos que o protegerão no futuro. As dermatites tem duplicado nos últimos 10 anos. Os remédios, a alimentação e o contato com a natureza influem para desenvolver maior ou menor resistência. As crianças que convivem com animais tem menos alergias. E para concluir em época de diversidade, os estudos descobrem que a flora  intestinal é o ecossistema mais populoso da terra.


Pode ser por isto que depois da queda do muro de Berlim, foi possível comprovar que a incidência de alergias, asma e outras patologias era menor entre os habitantes da Berlim oriental e maior entre os habitantes da rica, limpa Berlin ocidental, com maior acesso também a antibióticos a vacinas.


É inimaginável, que a luz destas informações, Joinville deixe de dar prioridade a implantação do saneamento básico. Reduzir as doenças originadas pela falta de higiene, pelas valas a céu aberto e pelo abandono, deve ser uma obsessão de todo administrador publico. O problema do excesso de higiene esta longe da maioria dos nossos bairros. Se por um lado não corremos o risco de contrair as doenças ligadas ao excesso de higiene, pelo outro estamos sujeitos a contrair outras que deveriam ter sido erradicadas faz anos.


Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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