No jornal A Noticia de sábado dia 16/6 o leitor Mário Cezar da Silveira
coloca com propriedade como se destrói a qualidade de vida de uma cidade, por
uma lado pela ausência de uma fiscalização eficaz por parte das autoridades
competentes que permitem que se rebaixe o meio fio a revelia da legislação, que
autorizam a construção de estacionamentos em desacordo com a legislação. Agora
os vereadores tem a desfaçatez de propor leis que permitam o que estando
proibido tem sido permitido.
Uma Vergonha
Em texto escrito por Renni Schoenberger (14/6), defendendo o rebaixamento de meio-fio para uso de estacionamento para o comércio no recuo, os argumentos usados estão na contramão da evolução das cidades. A cidade é para as pessoas, não para os carros; o comércio é para os clientes, não para o carro dos clientes.
Rebaixar toda a extensão do meio-fio é expor os pedestres a constantes riscos, pois a barreira física de proteção deixa de existir. Os comerciantes é que são responsáveis pelos confortos que querem dar aos clientes. Se quiserem que estacionem “dentro” das lojas, que tratem de investir em áreas para este fim, e não “rasgar” as leis para atender às pretensões de conquistar clientes, fragilizando a segurança do pedestre, já penalizado pela péssima condição das calçadas.
As cidades estão perdendo seu conforto, e um dos motivos é o excesso de veículos. Hoje, temos um aumento de frota perto da média de 8% ao ano, o que projeta para daqui a oito anos a duplicação da frota. Portanto, urge repensarmos o uso de automóveis, pois em muito breve não haverá mais espaço para esse paradigma de conforto com o qual fundamentamos nossa atual mobilidade urbana.
Os lojistas muitas vezes reclamam que perdem clientes para os shoppings, mas não são capazes de enxergar os confortos que os centros comerciais oferecem. Os shoppings não rebaixam o meio-fio para estacionamentos no recuo em respeito a esse cliente, investem em áreas para os carros.
Precisamos tomar decisões responsáveis, pensando no interesse coletivo e nas consequências das decisões baseadas em interesses particulares. Toda mudança deve ser avaliada na transversalidade de suas abrangências, sob pena de criarmos novos conflitos.
Devemos, ao contrário, cobrar da Prefeitura a sua ineficácia em cumprir suas obrigações de fiscalizar e fazer cumprir as leis, deixando de forma inconsequente o estabelecimento de situações claramente conflitantes e que, devido à ausência do Estado, tornam-se novos paradigmas e falsos direitos.
Colocando o “direito dos carros”, atropelando o direito das pessoas, estamos produzindo a cidade com valores distorcidos, menos humana e, como consequência, cada vez mais estressante, fria, menos funcional e visivelmente mais desconfortável.
Mário Cezar da Silveira
Joinville
Jordi,
ResponderExcluirsempre venderam rebaixamento de meio-fio em Joinville como se vende linguiça no mercado. O contribuinte pagava e a Prefeitura nem fiscalizava se eram 10 ou 20 metros rebaixados. Nos últimos anos a política de rebaixamentos ficou ainda mais irresponsável, pois nem fiscalização mais existe. É UMA VERGONHA, como vc citou. É bom lembrar que as fotos colocadas (e poderiam ser colocadas mais centenas) são de obras recentes, e em uma delas árvores foram cortadas e envenenadas e simplesmente nada foi feito. O descalabro que o legislativo está propondo nada mais é do que uma extensão da omissão do executivo. Parabéns ao Mario Cezar da Silveira, texto perfeito.
Prezado Manoel,
ResponderExcluirO rebaixamento do meio fio trouxe insegurança, impermeabilização e corte das arvores para priorizar o acesso dos carros.
E tem gente tão obtusa que insiste em querer justificar. É o resultado da falta de autoridade combinada com a malandragem e a cobiça.
Pobre Joinville.