Sem chegar ainda a ser uma
situação apocalíptica, Joinville não apresenta muito bom aspecto. A quantidade
de pessoas, das mais diversas origens e condições, que manifestam o seu
descontentamento pelo estado em que a cidade se encontra é elevada demais para
que se possa falar em orquestração.
Por que será que a cidade parece
regredir em lugar de avançar, como todos gostaríamos. Alain de Botton, o
conhecido filosofo suíço, que esteve no Brasil há poucos dias, responde com a
simplicidade que lhe é característica: “A desordem, o caos e mais fácil, a
ordem, a organização dão mais trabalho.” Simples assim.
Organizar, planejar, prever,
fazer, resolver exige mais esforço e capacidade que procrastinar, esquecer,
deixar de fazer ou em outras palavras olhar para o outro lado. A facilidade com
que nos deixamos levar pela senda do menor esforço é evidente. Nem precisamos
enumerar os prédios públicos que estão interditados ou em estado precário. As
obras inconclusas, interrompidas ou deterioradas prematuramente: todos conhecemos
mais de media dúzia. A situação é tão comum que a imprensa quase nem noticia
mais.
Estes são os pontos em que as
pessoas se fixam para chegar à conclusão de que as coisas não estão bem. A
percepção, por outro lado, tem um peso importantíssimo. O que passa a ser
verdade é aquilo que as pessoas percebem com verdadeiro. De nada adianta gastar
pequenas fortunas para repetir que três praças são um parque, ou que nunca se
fizeram tantas obras, ou que a qualidade das obras públicas agora é muito melhor
que no passado. O que conta é a percepção.
À medida que o tempo passa, e há
menos areia na parte de cima do relógio, é mais difícil acreditar que o que não
foi feito antes será feito agora. Porque quem escolheu seguir o caminho mais
fácil dificilmente vai mudar a sua forma de agir. Mudar a forma de agir toma
tempo, exige esforço, mudanças comportamentais. E nem sempre tem sucesso.
Quando se trata de uma pessoa já é difícil, quando se fala de cultura
organizacional é quase impossível. Se além de todas estas dificuldades, ainda
há resistências internas e se a organização em questão muda de direcionamento a
cada quatro anos, pode ser uma missão impossível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário