Que um policial militar do Rio de Janeiro tenha recusado aceitar um
suborno de R$ 1.000.000 tem sido uma das noticias mais comentadas nestes dias.
Numa sociedade em que é comum que com uma contribuição a Nossa Senhora do
Cafezinho seja possível não ser multado e sair sem pontos na carteira, é
evidente que recusar um suborno como este merece destaque. A duvida é se o
destaque é por recusar ou pelo valor oferecido. Os especialistas informam que
os valores praticados pelo mercado são em geral muito menores.
Sem ir muito longe, aqui em Santa Catarina, não é mais novidade que
policiais e outros funcionários públicos que deveriam estar comprometidos com a
segurança dos cidadãos estejam mais próximos dos marginais, de quem deveriam
nos proteger. Ver, ouvir e ler noticias que envolvem diretamente estes agentes públicos,
pelo recebimento de propinas e subornos tem se convertido em algo tão
corriqueiro, que já ficamos insensíveis. O caso do policial do Rio ganhou notoriedade
pela recusa. Tem até gente maldosa que acha que o valor foi tão alto que ele próprio
não acreditou que fosse verdade. O importante é que não aceitou e o marginal
foi preso.
A banalização da corrupção se da pela quantidade de corruptos e pelo
baixo valor envolvido nas transações. Um troco para um cafezinho mostra melhor
que nada o nível a que temos chegado. Casos de R$ 20 ou pouco mais, são a
melhor prova de que a corrupção é sistêmica, que tanto corruptores como
corruptos tem desenvolvido um mercado, em que regras e valores são conhecidos e
praticados pelas partes, na maior tranqüilidade.
A informação do próprio Nem, que a metade do seu movimento econômico era
destinada a pagar policiais corruptos, casos de policiais escoltando marginais
não são raros e mais que envergonhar as corporações, semeam a desconfiança e a
insegurança numa sociedade que não consegue mais diferenciar marginais comuns,
dos marginais fardados. O resumo é que 90% dos policiais envergonham os 10%
restantes.
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