Vivemos de mutirão em mutirão, o
mutirão das cirurgias represadas, o da limpeza das praias, o da limpeza do Rio
Cachoeira, o “Tapaburacos”, o mutirão disto ou daquilo. A pintura apressada dos
meio fios e a roçada do mato nos canteiros da Beira Rio antes do desfile do 7
de setembro, são exemplos do nosso cotidiano. O mutirão é o reconhecimento da
improvisação. É a celebração da falta de planejamento.
Um dia sim e outro também ignoramos
a importância e a necessidade do planejar, do fazer as coisas de forma
organizada e de algo tão básico como o manutenção preventiva. A falta de
manutenção, e dos mínimos indicadores de eficiência e controle, nos faz passar
pela vergonha de ver prédios públicos, sejam eles escritórios, escolas,
bibliotecas, hospitais, consultórios, museus ou a própria Casa da Cultura
interditados pela vigilância sanitária ou por oferecer risco aos cidadãos.
O mutirão não é uma exclusividade do
poder publico, quem não deixou para estudar na ultima hora? Quem não se lembrou
do carro só depois que nos deixou na mão? Esta falta de previsão forma parte da
nossa cultura. Deixamos cair aos pedaços para depois apresentar projetos de
revitalização que custam dezenas de vezes mais que o que deixamos de gastar com
a manutenção que não fizemos. Quem mora em condomínio sabe que muitos proprietários
não querem gastar na manutenção do prédio que aos poucos se deprecia e exigirá
recursos muito maiores para a sua recuperação.
O exemplo da Biblioteca Rolf Colin,
que permanece fechada a espera do projeto de uma nova biblioteca, que pode
tardar lustros em se concretizar, ou a Casa da Cultura que sem recursos para
sua manutenção mais elementar agora sonha com um projeto de revitalização
que custará milhões. O resumo é que não temos dinheiro para manter, mas nos
lançamos a buscar recursos para construir obras que não poderemos manter. Não
seria mais lógico manter melhor o que já temos? Estamos nos convertendo nos proprietários
de um patrimônio público ruinoso e decadente. Como aristocratas arruinados que
não podem manter o patrimônio que herdaram.
Não prever orçamento para a
manutenção adequada do patrimônio público e não atender adequadamente as
demandas por atendimento medico e limpeza de rios e córregos poderia ser
considerada uma irresponsabilidade dos administradores. Mas os principais responsáveis
são os que acreditam que mutirão é a forma correta de administrar uma cidade.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
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