Faz mais de 15 anos que um grupo se reunia para debater Joinville, naquele tempo éramos mais jovens e não tínhamos consciência que algumas coisas não poderiam ser feitas. Com o entusiasmo de uma época e de uma idade fizemos o que não deveríamos ter feito. Ousamos pensar uma Joinville diferente. Uma outra Joinville. Em lugar de pensar ou debater uma cidade possível, imaginamos uma Joinville impossível.
Dos debates e da troca de idéias, nasceu uma forma de pensar, que baseada numa acracia participativa e democratica, típica de idade e da imaturidade, se dedicou a sonhar uma outra Joinville. Sem estar atrelados, naquele tempo, a partidos ou grupos determinados, éramos livres para pensar, debater e propor. Sem ter que preocuparmos com o que seria ou não possível, ou caberia dentro de um orçamento, ou de um plano de governo, aqueles livrinhos cheios de objetivos, que foram distribuídos até a saciedade, em época eleitoral e permitem ver tudo ou que não foi feito. Depois o tempo cuidou que as ideais fossem absorvidas e descaracterizadas pelo “status quo”. E o sonho, não de construir uma cidade impossível, o sonho de sonhar uma cidade melhor, foi esvaindo se aos poucos.
A prefeitura contratou um Planejamento Estratégico, que coubesse no próximo plano de governo, gente boa inclusive, se empenhou em propor a Joinville viável, o que seria possível, e as obviedades e platitudes ocuparam o lugar das idéias, a falta de visão foi ocupada por uma sucessão ordenada de objetivos, que conduzem com passo firme a mais do mesmo. O que poderia ter sido a “Primavera de Praga” acabou do mesmo modo que a original, com os tanques soviéticos ocupando as ruas, os grupos dispersando se e alguns próceres da nossa sociedade apareceram na foto. Com o mesmo olhar que o caçador utiliza ao se fazer fotografar com o ultimo elefante abatido.
Existiu sim um tempo em que se pensou outra cidade, uma cidade melhor, não maior, nem inchada, uma cidade em que a qualidade de vida ocupasse um espaço maior, os valores fossem recuperados e a cidade fosse mais competitiva, mais justa e plural. Evidentemente faltou ao grupo compreender que este modelo de cidade, poderia enfrentar oposição, naqueles que durante décadas tem sido e continuam sendo os donos do pedaço. Vocacionados para a preservação do modelo atual. Com uma visão que dificilmente supera o horizonte dos 4 anos do mandato do prefeito. Que se concentra no que é possível, no que pode ser feito.
Faltou a aquele grupo, saber que não poderia ser alcançado, e como não sabíamos, fizemos. Sonhamos uma outra Joinville,hoje estamos de volta a esta realidade, tão diferente daquele sonho platônico. “O futuro tem muitas formas. Para os incapazes é o inalcançável. Para os criativos é uma oportunidade.”
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