19 de janeiro de 2013

Violência sem sentido


A proposta do prefeito Udo Dohler de criar uma guarda municipal armada que deve chegar a 500 efetivos encontra eco favorável numa parte da sociedade que vê no crescimento da violência urbana um dos maiores problemas do país.

A constante exposição a elevados níveis de violência nos deixa insensíveis. O Brasil - e Santa Catarina não é uma exceção - é um dos países mais violentos do mundo. O número de mortos por arma de fogo no ano 2011 foi de 35.556, três vezes maior que nos Estados Unidos que, no mesmo período, teve 9.484 mortos.

No Brasil, o que surpreende e impressiona não são os números absolutos, que são aterradores. Os números são mais graves porque superam os de todos os países no mundo, inclusive os de países que vivem conflitos armados, como Afeganistão, Paquistão, Iraque, a Republica Democrática do Congo e dezenas de outros países e são levemente inferiores aos de países como a Síria que vive uma autêntica guerra civil. A ONU informou que desde março de 2011 até novembro de 2012 o número de mortos naquele país é de mais de 50.000. Considerando o período analisado, o Brasil corre o risco de superar os números da própria Síria.

O grave desta situação é principalmente a naturalidade com que aceitamos estes níveis de violência, a passividade com que a sociedade recebe as informações de corpos queimados, assassinatos a sangue frio de vítimas indefesas. A extrema violência contra idosos e crianças. A virulência e a sanha dos criminosos e a futilidade. Se nos centramos nas notícias divulgadas durante os últimos dias, um jovem foi assassinado por uma diferença de R$ 7,00 na conta de um restaurante, um idoso foi brutalmente assassinado pelo pouco dinheiro que tinha em casa. Mortos aparecem com mostras de tortura, corpos queimados são abandonados em estradas rurais, um jovem foi esfaqueado até a morte, na praia Brava, por um grupo, por uma discussão banal e sem sentido, testemunhas dizem que chegaram com intenção de matar. Outras vezes o motivo é o roubo de um relógio ou de um tênis de marca.

Frente a esta situação de violência e insegurança absoluta, corremos o risco cair na armadilha  de defender a violência policial que passa a contribuir com boa parte dos dados das estatísticas. Sem querer cair na armadilha fácil de criticar a violência policial e defender os direitos dos criminosos de forma desproporcional, é evidente que a violência gera mais violência e que a situação atual esta fora de controle.

Neste quadro de violência generalizada devemos olhar com preocupação a proposta apresentada pelo prefeito de Joinville de criar uma guarda armada municipal. Seria melhor concentrar o esforço e usar o seu prestigio politico em melhorar o efetivo, o equipamento e a efetividade da policia civil e militar. Exigindo que Joinville tenha o efetivo e a segurança que precisa e merece.

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

4 comentários:

  1. Perfeito Jordi.
    Também me preocupa muito essa história de 500 guardas municipais armados.
    E me baseio na ineficácia da atual guarda municipal do Ittran, cuja atuação, exceto na atividade de emitir multas, é praticamente imperceptivel. Para mim, um gasto inútil para uma prefeitura que lamentavelmente mal consegue equilibrar receita com despesa. E olhe que nos orgulhamos à beça de ser "a maior cidade do estado".
    Se a guarda do Ittran ao menos ajudasse a orientar o trânsito nas obras onde meia via é interrompida, já seria um grande lucro.
    Mas desde que voltei à cidade em 2007 em todas (TODAS) as obras pelas quais tive que passar, nunca (NUNCA) vi um azulzinho para ao menos estabelecer quem vai e quem vem. Nesses casos, prevalece sempre a lei do mais forte ou do mais esperto.
    Uma guarda municipal armada de 500 soldados, a seguir a mesma ineficiencia é de deixar qualquer um apavorado.

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  2. Reforma ADM = cortou 240 cargos e vai criar 500 ???

    isto é eficiência Administrativa ?


    Nelson não adianta a gente reclamar agentes do ITTRAN = emissor de multa e SÓ , ponto final.

    du grego

    off-topic - diga-se de passagem que umas das obras que mais atrapalhou o centro de Joinville nos últimos anos foi a de um tal hospital privado de um figurão da ACIJ.

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    1. Não consigo imaginar de a que obra você possa estar se referindo.
      Provavelmente a um polo gerador de trafico que quando este operando a plena capacidade vai ajudar a congestionar ainda mais a Rua Blumenau.

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  3. Olá Jordi, sou funcionário público municipal, realmente acredito que essa tal guarda municipal se for criada, seria bom para a cidade, porém os agentes do atual Ittran, não possuem coerência profissional, e muito menos tolerância no que diz respeito as multas, pois como prevê o código de trânsito brasileiro, em multas leves ou médias quando não houver reeincidência a autoridade competente pode aplicar apenas uma advertência por escrito, como primeira como medida educativa, o que estes agentes não fazem, eu mesmo levei uma única multa em 5 anos de motorista, por estaionar em uma rua sem saída totalmente sem tráfico, em que por desconhecer a lei, estacionei no sentido oposto, sem atrapahar o trânsito, no período noturno, fiquei muito sentido, pois mão sabia que era proibido (falha minha), mas é só ver o meu histórico de condulta ao volante pra saber que eu não sou um mal motorista, a medida educativa de advertência bastaria para mim, mas eles tem que agir como rigor da lei, em situações onde poderiam ser amenos. Fico pensando como serão como guardas municipais? Agindo com pouco critério, e tolerância, o poder em aplicar multas e mais multas vai aumentar, e o cidadão de Joinville, trabalhar e pagador de impostos que vai sofrer desnecessariamente, pois quem pagam são os bons, mas os maus muitas vezes caminham livremente pelas ruas, ou bairros da cidade ,armados e sem alguém, para os interromper, infelizmente é isto que ocorre. Peço ao sr. Prefeito que melhore sim a segurança, mas atue onde realmente importa, não concentrar seus esforços em verbas em arrecadação de multas, mais sim na proteção à POPULAÇÃO. Obs.: Não posso publicar meu nome pois sou funcionário da Pref. Mun. de Joinville, e tenho medo de retaliações. Obrigado.

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