A
forma como percebemos as mesmas coisas depende de dezenas de elementos. No
trabalho que já me levou a quatro continentes e mais de 20 países, um dos
elementos que se repete em cada país e em cada grupo de trabalho e o que
desenvolve a percepção. Cada participante recebe o mesmo texto, pouco mais de
quatro ou cinco frases, que são lidas em voz alta, de forma pausada e sobre os
que todos os participantes devem responder a uma serie de 10 questões. As
opções são certo, falso e não sei. Um exercício simples. Tão simples que nas
mais de cinquenta vezes em que o realizei, com perto de mil participantes,
nunca, nenhuma única vez houve a unanimidade em nenhuma das respostas. O
resultado permite que os participantes sejam confrontados com forma como
percebemos as mesmas coisas.
Agora
imagine você um texto como este com mais de dois mil e quatrocentos toques e
dezenas de frases. É evidente que a percepção que cada um terá do texto será
diferente e na maioria das vezes até antagônica. O que somos a formação que
temos, ou que não temos. As nossas experiências anteriores, o emprego que temos
o cargo que ocupamos. Até o que temos ou deixamos de ter, inclusive o que gostaríamos
de ter e não temos. Tudo absolutamente tudo influencia de forma marcante e
definitiva a nossa percepção das coisas.
Aqui no blog, cada texto incorpora além da bagagem pessoal, a percepção
dos fatos e situações que relata. A esta visão particular há que acrescentar a
percepção que cada um dos leitores faz do texto. Já recebi criticas e elogios
intensos pelo mesmo texto. Os bons textos despertam, ao mesmo tempo, tanto opiniões
a favor, como opiniões contrárias. Numa situação que se repete cada vez com maior frequência
e que depende exclusivamente da percepção de cada um.
No período
eleitoral e especialmente com o inicio oficial da campanha é importante que
agucemos os nossos níveis de percepção, que tenhamos a capacidade de perceber
além do visível, enxergar o visível e o invisível de cada mensagem. O que esta
em jogo, e hoje mais que nunca, não é tanto como são as coisas realmente e sim
como são percebidas pelo eleitor. E neste campo há especialistas em vender gato
por lebre, há profissionais que brincam e distorcem a percepção das coisas. Dizendo-nos
o que queremos ouvir, nos mostrando uma realidade fantástica que gostaríamos de
ver. Olho vivo, porque entramos num período em que luzes e sombras serão usadas
para criar imagens distintas das reais, imagens nas que passaremos a acreditar
e que podem mudar radicalmente depois que a festa acabe e as luzes se acendam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário