22 de julho de 2012

A escolha de Sófia


A escolha de Sófia

Enquanto há os que acham que Joinville nunca esteve melhor, há um outro grupo, que de acordo com as pesquisas mais recentes parece ser majoritário, que acha que a cidade não esta bem e que já esteve melhor. Por que será que a cidade parece regredir em lugar de avançar, como todos gostaríamos? Alain de Botton, o conhecido filosofo suíço, que esteve no Brasil há poucos meses, responde com a simplicidade e a profundidade que lhe é característica: “A desordem, o caos e mais fácil, a ordem, a organização dão mais trabalho.” Simples assim. As leis do mínimo esforço e a da gravidade parecem irrevogáveis.

Uma vez a desordem se instala numa sociedade, e a nossa não esta imune a ela, é difícil de voltar a um modelo ordenado. Organizar, planejar, prever, fazer, resolver exigem mais esforço e capacidade que procrastinar, esquecer, deixar de fazer ou em outras palavras olhar para o outro lado. A facilidade com que nos deixamos levar pela senda do menor esforço é evidente. Nem precisamos enumerar os prédios públicos que estão interditados ou em estado precário. As obras inconclusas, interrompidas ou deterioradas prematuramente: todos conhecem mais de media dúzia. A situação é tão comum que a imprensa quase nem noticia mais.

Estes são os pontos em que as pessoas se fixam para chegar à conclusão de que as coisas não estão bem. A percepção, por outro lado, tem um peso importantíssimo. O que passa a ser verdade é aquilo que as pessoas percebem com verdadeiro. De nada adianta gastar pequenas fortunas para repetir que três praças são um parque, ou que nunca se fizeram tantas obras, ou que a qualidade das obras públicas é muito melhor que no passado, ou que a casa agora esta arrumada. O que realmente conta é a percepção que temos das coisas.

À medida que o tempo passa, e queda menos areia na parte de cima do relógio, é mais difícil acreditar que o que não foi feito antes será feito agora. Porque quem escolheu seguir o caminho mais fácil dificilmente vai mudar a sua forma de agir. Mudar a forma de agir toma tempo, exige esforço, são necessárias mudanças comportamentais. E nem sempre há sucesso. Quando se trata de uma pessoa já é difícil, quando se fala de mudar a cultura organizacional de uma organização pode ser uma missão quase impossível. Se além de todas estas dificuldades, ainda há resistências internas e se a organização em questão muda de direcionamento a cada quatro anos, pode ser uma realidade inatingível.


Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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