15 de julho de 2012

Pegando eleitores a laço




Antes do inicio da campanha eleitoral a guerra por alianças espúrias em troca de poucos minutos de programa gratuito já mostraram que a campanha tem peculiaridades que merecem uma analise mais detalhada. Aqui os candidatos se lançam a busca dos votos, mais que a sua busca, se lançam a caça do eleitor. No Brasil, ao contrario que na maioria de democracias, o voto é obrigatório. Nem os partidos, nem os candidatos precisam se esforçar em convencer o eleitor a votar. A estratégia de campanha tem como foco exclusivo direcionar os votos para o numero do candidato sem que haja um verdadeiro debate, com conteúdo e propostas coerentes e estruturadas.

O Brasil tem ainda outras peculariedades que fazem da caça ao voto um esporte único, a primeira é o elevado nível de analfabetismo funcional, a segunda a geleia ideológica em que os partidos tem se convertido e que faz que em nome da governabilidade se juntem em coligações os inimigos de ontem para derrotar os amigos de anteontem. Numa situação que para qualquer eleitor medianamente informado é difícil de compreender é seguir.  

É mais fácil para um político em campanha se concentrar na caça dos votos dos menos esclarecidos. Além de ser mais influenciados por discursos inflamados e grandiloqüentes representam hoje no Brasil a maior parcela do eleitorado. No país o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população. Se somados a esses 68% de analfabetos funcionais os 7% da população que é totalmente analfabeta, resulta que 75% da população não possui o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas, ou seja, apenas 1 de cada 4 brasileiros (25% da população) são plenamente alfabetizadas. O candidato não precisa se expor em debates frente a platéias melhor informadas, mas esclarecidas e em geral mais criticas. Pode se concentrar em pescar nos cardumes em que os votos são mais fáceis de convencer.

Os partidos políticos, por outra parte, tampouco contribuem muito para que o eleitor possa escolher melhor. Em geral só o confundem ainda mais. Ao compartir o mesmo palanque com os mesmos que ontem ou anteontem eram seus inimigos mortais, ao aparecer lado a lado em santinhos e outdors o eleitor vai construindo a imagem que são todos iguais, que são todos, farinha do mesmo saco, e que por tanto é a mesma coisa votar em um ou em outro. Sem outra proposta ideológica que chegar ao poder e conseguir empregar o maior numero de companheiros e apaniguados, os partidos hoje atuam mais como agencias de emprego que como verdadeiros foros de debate político e o resultado é este que aqui esta.

O mais provável é que ao conhecer o resultado das próximas eleições, a máxima de Ulysses Guimarães que dizia “Pior que este congresso só o próximo” será verdadeira uma vez mais. 


Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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