8 de julho de 2012

Eleições anuais


Eleições anuais


Nada parece fazer tanto bem a uma cidade, a um estado ou a um país como se aproximar do período eleitoral. Aqui lamentavelmente as eleições acontecem a cada quatro anos e é por isso que só vemos obras publicas em lapsos quadrienais. O que convenhamos é uma pena. Não há munícipe que não goste de ver a sua cidade prosperar, crescer, se desenvolver. Mas os nossos políticos como sabem que o eleitor tem memória de cará e que esquece rápido de tudo, só se dedicam a fazer e inaugurar obras nos meses imediatamente anteriores ao período eleitoral.

Esta pratica tem vantagens para os políticos, principalmente os que tentam se reeleger, a primeira é que as obras recém-feitas não apresentam ainda sinais de decadência precoce, comuns nas obras publicas. Os telhados ainda não desabam e não aparecem os pontos de ferrugem nas estruturas metálicas, por citar alguns exemplos. A segunda é que se cria no eleitor a ilusão que a gestão atual, seja ela qual for,  tem trabalhado muito pela cidade. Há ainda os que acreditam que possa existir uma correlação entre as obras publicas eleitoreiras e o posterior financiamento de campanha, mas todos sabem que a rígida legislação eleitoral brasileira não só inibe este tipo de pratica, como a pune severamente, desestimulando-a completamente.

Alguns políticos para dar a impressão que fazem muito mais do que na realidade fazem tem desenvolvido a técnica de revitalizar, requalificar ou reformar prédios, ruas e praças que com um pouco de trabalho e um muito de orçamento em poucos dias se convertem em novos ícones urbanos. Assim pipocam a Nova Rua disso, a Nova Praça daquilo e não são poucos os estultos que caem no velho truque do lavou, pintou esta novo. Alguns destes espaços recebem uma reforma a cada quatro anos em geral sempre no segundo semestre do quarto ano.

Mas o caso mais flagrante desta técnica dissimuladora é a de inaugurar ou celebrar o lançamento da licitação, da pedra fundamental, da abertura das propostas ou da assinatura do contrato. Tanta inauguração confunde o eleitor que acaba acreditando que o foguetório, a charanga e os discursos trazem algo de concreto, quando até agora só tem servido para produzir vento, ocupar espaço na mídia e criar a falsa impressão que esta gestão, qualquer que seja ela, é a que mais tem feito pelo desenvolvimento desta cidade e dos seus habitantes. Por isso desde este espaço proponho que os governantes precisem se submeter com menor frequência a avaliação do eleitorado, que as eleições passem a ser semestrais ou no pior dos casos anuais, desta forma as nossas cidades viverão sempre nesta constante efervescência que agora experimentamos e trocaram este desenvolvimento espasmódico por uma prosperidade e um desenvolvimento contínuos.

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

4 comentários:

  1. Esses dias vi o anuncio no site da PMJ e em notas de jornais da revitalização da pintura de sinalização do cruzamento da Rua São Paulo com Dona Cezarina. Passei por lá dias após.
    Meu Deus!! São pinturas no asfalto necessárias e obrigatórias, assim como a existência das ruas, lotes e quadras. Fiquei incrédulo do anúncio de obra tão inédita e vultuosa.

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    1. Manoel,

      Você é muito jovem? Se for esta explicado. Não fique incrédulo, nada o deveria surpreender de agora até outubro.

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  2. CAro Jordi,

    Em quatro enxutos parágrafos voce expõe à luz as mais odiosas malandragens que nossos políticos vem nos impondo ha décadas. A principal e mais recente, já que começou a ser usada a partir da promulgação da lei 8666/93, é tambem a mais cruel. Ao "inaugurar" o "lançamento de uma licitação", passa ao povo a idéia de que a obra já está garantida e pronta. Quando na verdade, os editais são escritos com falhas propositais, já visando sua anulação no momento da abertura ou antes, criando assim uma indústria de licitações que nunca chegam ao fim por vicios de origem. E a culpa da promessa não cumprida passa a ser do Tribunal (de Contas ou mesmo de Justiça).
    Uma lei que veio para "moralizar" o serviço público, é amplamente utilizada para fraudá-lo. Suprassumo (é assim que se escreve agora?) da "criatividade" brasileira.

    Chamo atenção também à sua frase "...mas todos sabem que a rígida legislação eleitoral brasileira não só inibe este tipo de pratica, como a pune severamente, desestimulando-a completamente."
    Sei não meu caro Jordi. Outro dia voce teve que escrever um artigo explicando o significado da palavra ironia, lembra?

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    1. Prezado Nelson Jvlle

      Obrigado pelo seu comentário, sobre ter que explicar de novo o significado da palavra ironia acho que não é mais necessário os leitores deste espaço ou da coluna no jornal A Noticia já sabem identificar corretamente.

      Sobre as mazelas e os vícios é o nosso papel alertar, desmascarar e escancarar, a sociedade esta aprendendo a identificar este tipo de picaretagens.

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