23 de setembro de 2011

Dia mundial sem carro


MOBILIDADE SIMBÓLICA OU REAL

O Dia Mundial sem Carro é um gesto simbólico para que a sociedade reflita sobre os problemas gerados nas cidades pelo transporte individual. O “Car Free Day”, criado na França em 1998 foi difundido e adotado por outros países. As somatórias de ações voluntárias individuais podem ajudar a transformar nossos ambientes, desde que exista uma política publica coerente e planejada que de continuidade as atividades deste 22 de setembro de 2011.

A data serve para refletir em muito alem dos já conhecidos problemas causados por nossos deslocamentos motorizados individuais, como as perdas econômicas e vidas, poluição por gases resultantes da combustão, poeira pelo atrito de pneus com asfalto e aumento de ruídos entre outras. A continuar a atenção com os problemas e não para com as soluções, quando a cidade ira parar fruto da falta de espaços para mobilidade frente ao aumento constante da frota? 2015 ou 2016?

A atual situação exige ações inovadoras para transformar os modos de usar a cidade formulando políticas publicas de mobilidade que enfrentem os interesses envolvidos pela indústria automobilística em todas as suas ramificações. A sociedade “automóvel” viciada no cheiro da gasolina sugere e implanta continuadamente modelos rodoviaristas: ampliação dos espaços ou obras de arte voltadas para carros, rodízios, carona solidária ou pedágios urbanos, incentivos aos estacionamentos e até a proibição de parar nas faixas limítrofes aos passeios. É inviável econômica e ambientalmente o continuísmo do aumento de espaços para mobilidade visando atender apenas veículos motorizados de único passageiro ou deslocamentos de curtas distancias.

Não existem milagres ou soluções de curto prazo nos problemas de mobilidade sem uma visão estratégica. A transformação é possível, dura e exige a elaboração de cenários de nosso futuro onde devem ser considerados: planejamento urbano, índices adequados de densidade e verticalizações compatíveis com as infraestruturas incentivando a qualidade do ambiente urbano. As ações devem focar a fiscalização e restrição compulsória do uso do carro com alternativa de transporte coletivo adequado as necessidades de deslocamento.

A qualidade de vida das pessoas é determinada pela qualidade das cidades que priorizam integradamente políticas sociais, econômicas e ambientais cujo elo se dá através da mobilidade eficiente e sustentável, aonde as pessoas vêm em primeiro lugar. O desafio que se impõe ao Dia Mundial sem Carro é transformar um ato simbólico na realidade do cotidiano das pessoas.

Arno Kumlehn
Arquiteto Urbanista

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