MOBILIDADE SIMBÓLICA OU REAL
O Dia Mundial sem Carro é um gesto
simbólico para que a sociedade reflita sobre os problemas gerados nas cidades
pelo transporte individual. O “Car Free Day”, criado na França em 1998 foi
difundido e adotado por outros países. As somatórias de ações voluntárias
individuais podem ajudar a transformar nossos ambientes, desde que exista uma
política publica coerente e planejada que de continuidade as atividades deste
22 de setembro de 2011.
A data serve para refletir em muito alem
dos já conhecidos problemas causados por nossos deslocamentos motorizados individuais,
como as perdas econômicas e vidas, poluição por gases resultantes da combustão,
poeira pelo atrito de pneus com asfalto e aumento de ruídos entre outras. A
continuar a atenção com os problemas e não para com as soluções, quando a
cidade ira parar fruto da falta de espaços para mobilidade frente ao aumento
constante da frota? 2015 ou 2016?
A atual situação exige ações inovadoras
para transformar os modos de usar a cidade formulando políticas publicas de
mobilidade que enfrentem os interesses envolvidos pela indústria
automobilística em todas as suas ramificações. A sociedade “automóvel” viciada no cheiro da gasolina
sugere e implanta continuadamente modelos rodoviaristas: ampliação dos espaços
ou obras de arte voltadas para carros, rodízios, carona solidária ou pedágios
urbanos, incentivos aos estacionamentos e até a proibição de parar nas faixas
limítrofes aos passeios. É inviável econômica e ambientalmente o continuísmo do
aumento de espaços para mobilidade visando atender apenas veículos motorizados
de único passageiro ou deslocamentos de curtas distancias.
Não existem milagres ou soluções de
curto prazo nos problemas de mobilidade sem uma visão estratégica. A
transformação é possível, dura e exige a elaboração de cenários de nosso futuro
onde devem ser considerados: planejamento urbano, índices adequados de
densidade e verticalizações compatíveis com as infraestruturas incentivando a
qualidade do ambiente urbano. As ações devem focar a fiscalização e restrição
compulsória do uso do carro com alternativa de transporte coletivo adequado as
necessidades de deslocamento.
A qualidade de vida das pessoas é
determinada pela qualidade das cidades que priorizam integradamente políticas
sociais, econômicas e ambientais cujo elo se dá através da mobilidade eficiente
e sustentável, aonde as pessoas vêm em primeiro lugar. O desafio que se impõe
ao Dia Mundial sem Carro é transformar um ato simbólico na realidade do
cotidiano das pessoas.
Arno Kumlehn
Arquiteto Urbanista
Nenhum comentário:
Postar um comentário