Os riscos da agricultura moderna
Esta época de campanha eleitoral é rica em
anedotas, em historias mais ou menos verdadeiras e em animadas conversas de
mesas de boteco. Nestes dias no meio de uma animada conversa, um amigo,
daqueles que sabem das coisas contou esta historia, que como recebi, repasso.
Um político do interior, não lembro direito se
era de Santa Catarina ou de outro estado próximo, chegou a prefeito de uma
grande cidade e como bom administrador que era, poupando um pouco aqui e um
muito ali, conseguiu amealhar uma pequena fortuna. O seu contador explicou que
seria difícil se todos os bens adquiridos com o seu, digamos, trabalho
aparecessem na sua declaração de bens. Até porque político que se preze,
participa de eleições a cada dois anos e com a maior transparência que a
internet proporciona fica muito fácil acompanhar o patrimônio dos candidatos e
o seu crescimento. Um amigo recomendou que plantasse laranjeiras, que os
laranjais são um bom negocio, especialmente para políticos que tenham enriquecido
em curto espaço de tempo.
Dito e feito, o prefeito voltou para a sua
cidade de origem e conversou demorada e reservadamente com um velho amigo da
época do ginásio. Um cara honesto, trabalhador, mas não muito
esperto. Nunca tinha saído do vilarejo e com o seu trabalho e as poucas
opções que o interior oferece para quem ali fica, tanto ele, como a mulher e as
duas filhas sempre tinham dificuldade para chegar a final de mês. Aceitou de
grado administrar os bens do amigo de infância, que tinha triunfado na cidade
grande e ainda passou a receber uma remuneração pelo trabalho. Não
desconfiou quando o amigo político lhe pediu que não falasse para ninguém desse
seu acordo e não lhe preocupou que os bens fossem colocados no seu nome e não
no do amigo. Achou um pouco estranho, mas como poderia se negar a um
pedido de um amigo.
Tudo ia bem, o patrimônio do amigo só
aumentava, um prédio primeiro, depois um outro, um posto de gasolina, uma
fazenda e algumas cabeças de gado. Numa sexta a tarde o político recebeu uma
ligação que o amigo tinha falecido de um infarto fulminante. Faltou tempo para
pegar o carro e dirigir as quase oito horas até la. Depois de participar na
cerimônia fúnebre e acompanhar com olhar compungido o féretro. Na primeira
oportunidade em que foi possível se aproximou da viúva, para lembra-la a quem
pertenciam de fato os imóveis que estavam a nome do falecido. Sem duvidar nem
um instante, sem pestanejar e tirando força do nada, a viúva respondeu: Tudo o
que o meu marido tinha, ele ganhou com o seu trabalho e é a herança das
meninas.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
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