A teoria do forno é
muito conhecida em estudos econômicos, mas alcança a perfeição na política. Em tempo
de campanha a sua utilização pelos candidatos é até abusiva. É uma teoria muito
simples e se baseia em pesquisas e estudos reais e concretos. Se estiver com a cabeça no freezer e o traseiro no forno a estatística provará que estou na temperatura perfeita. As duas temperaturas extremas divididas pelo numero de pontos de amostragem tem como resultado a temperatura ideal.
Na hora em que os
candidatos se esmeram em mostrar o que fizeram durante a sua gestão é o momento
de provar que as estatísticas não mentem.
Um bom exemplo disso é a informação recente do IPPUJ (Instituto de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Joinville) que divulgou a extensão de ciclovias e ciclofaixas que,
aplicando a teoria do forno, fariam de Joinville uma das cidades referencia
para ciclistas e uma das que mais tem investido na mobilidade e segurança deste
meio de transporte.
Se você não morasse
aqui, ou não conhecesse a realidade local, até poderia se sentir impelido a
colocar a sua bicicleta na bagagem e vir fazer ciclo turismo. Caso se atrevesse
levaria uma bela desilusão. Os dados são que há 101,4 km de ciclovias e
ciclofaixas, sendo 85,8 km de ciclofaixas e 15,6 km de
ciclovias. Esquece de mencionar que não estão interligados. O resultado é uma
malha desconexa, sem sequencia nem continuidade. Há ciclofaixas que depois de
iniciadas nunca foram concluídas, ou acabou o orçamento ou faltou planejamento.
Um bom exemplo é a que deveria ligar o centro com o Parque José Alencar (Parque
da Cidade) além de interrompida em vários trechos, na sua parte final não foi concluída.
O que se vê é uma política,
de estimulo ao uso da bicicleta, espasmódica e pontual, feita mais para aparecer nas
estatísticas que para ser uma opção real para ao cidadão. Um dos poucos trechos em
que poderíamos falar de uma ciclovia digna de tal nome é na Avda. Beira rio. Sem
interligação efetiva com o resto da malha, o resultado é que acaba sendo pouco
usada pelos ciclistas. Em outros casos como nas Ruas Otto Bohem ou Dona
Francisca a ciclofaixa além de iniciar e terminar de forma abrupta ainda
compartilha espaço com pontos de ônibus o que reduz a segurança dos ciclistas.
As normas de segurança e principalmente o bom senso sugerem que o ciclista seja
mais protegido e se possível segregado do carro.
Mas não há problema,
tanto nas estatísticas como no material de campanha os
kilometros de ciclofaixas pintados e sinalizados nesta gestão estarão plasmados
como um dos grandes logros desta gestão. E é provável que seja mesmo um “logro”
ainda que o objetivo estatístico tenha sido atingido.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
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