16 de outubro de 2007

Sobre arborização urbana

Em resposta a alguns artigos publicados no AN Cidade, e preocupado com o descaso, com que é tratada a nossa arborização urbana, Ely Diniz da Silva Neto, envia este texto, que merece uma profunda reflexão.

Claro que ninguém imagina as nossas ruas plantadas com laranjeiras e macieiras, menos ainda com bananeiras, mais a escolha de arvores nativas para o uso na arborização urbana, especialmente aquelas como Aroeiras, Juçaras, Figueiras e tantas outras que atraem pássaros e servem de alimentação a fauna silvestre, que consegue se adaptar e sobreviver no verde urbano.

Nativas Frutíferas

Antes da colonização dos europeus em Joinville, nossas terras eram cobertas pela extinta Mata Atlântica. Extinta porque imaginem que se cortassem suas pernas, seus braços e sua cabeça você também não continuaria vivo. Originalmente, nessa região, a floresta era povoada por árvores frutíferas nativas em especial a palmeira Jussara, que compunha quase metade de todo o cenário. Mas, a concentração dessa palmeira não era à toa. Pois, ela possui um dos frutos mais nutritivos do mundo. E a grande maioria dos animais que se alimentam de frutas sabe disso. Eles dão preferência para se alimentar do fruto da Jussara. E não só para os animais, essas frutas poderiam alimentar boa parte da população, inclusive fortalecer a merenda escolar dos nossos estudantes. Econômico e não prejudicial à natureza, por não usar alimentos que precisam derrubar as florestas para serem cultivados e, também, por não usar transporte que emitem gás carbônico.

Resumindo, trocamos uma enorme riqueza em biodiversidade por desertos que chamamos de ruas asfaltadas, calçadas cimentadas, pátios com brita, casas, prédios e indústrias. As árvores contribuem para diminuir o aquecimento global, por causa do “seqüestro de carbono”. O “seqüestro de carbono” nada mais é do que o processo de fotossíntese que as folhas das árvores fazem ao capturar o gás carbônico do ar, junto com a água e a luz do sol, transformando-os em glicose e oxigênio. Também há uma diminuição na temperatura local, mas por outro fator, o da transpiração das folhas, que umedece o micro clima, ajudando assim a suportar melhor os dias de calor intenso no verão. Sem contar que as árvores produzem sombras, lance que pode nos proteger dos nocivos raios ultravioleta, causadores de câncer de pele.

Outro fato inusitado em Joinville é de que em algumas ruas há árvores, mas só do lado onde tem os fios e postes. Assim elas têm que serem constantemente podadas. E do lado que não tem fios e postes não há árvores. Pouco inteligente.

No caso da Mata Ciliar, alias um crime quando não há, as árvores possuem papel ainda mais importante, pois as raízes das plantas ajudam a filtrar e purificar a água do rio. Para o poluído Rio Cachoeira seria uma grande ajuda. Pois outro tipo de crime que acontece no centro de Joinville é contaminar o habitat e os próprios animais que vivem no Rio Cachoeira. Crime que todos cometem todos os dias nessa cidade.

Fica aqui a minha sugestão para que a FUNDEMA plante árvores nativas frutíferas em nossas calçadas, praças e nas matas ciliares, como por exemplo, em frente do novo Fórum ao lado do não morto Rio Cachoeira. O jacaré, as tartarugas, os peixes, os mamíferos e as aves agradecem.

Eli Diniz da Silva Neto

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