26 de agosto de 2013

As desapropriações e a improvisação

Não há como não ficar irritado com a cantilena da falta de recursos para desapropriar. Importantes obras se alastram por anos ou nem chegam a ser construídas pela dificuldade em desapropriar. É o resultado de uma equação simples que soma a falta de planejamento, acrescenta a ausência de previsão e multiplica pela nossa predisposição natural para a enjambração e a gambiarra.

Nem faz tanto tempo assim o IPPUJ propôs construir um teatro no estacionamento do Centreventos, os visionários de plantão compararam o nosso futuro teatro com o Palais Garnier sede da Opera de Paris,  alegando que o famoso teatro parisino tampouco tinha estacionamento. Provavelmente esqueceram que o principal motivo de não ter estacionamento, tenha sido que foi inaugurado em 1875, dez anos antes que fosse produzido por Carl Benz o primeiro motor de combustão interna e o inicio da produção comercial do automóvel.  O mais prudente seria que comparassem também a infraestrutura e a oferta de mobilidade da capital francesa com a metropole joinvilense.

Tampouco havia outro lugar melhor para a ampliação do Hospital São José que avançando sobre o estacionamento e cortando as arvores existentes. Assim o hospital aumenta a sua oferta de serviços  e sua capacidade e como resultado os veículos de médicos, enfermeiras, pacientes e familiares se espalham cada dia por mais ruas em volta do hospital.

Sem prever no custo das obras os recursos necessários para  as desapropriações o resultado é que as obras quando finalmente são construídas, acabam sendo feitas em locais inadequados e se compromete o funcionamento das infra-estruras urbanas existentes. A essas gambiarras urbanas há que acrescentar o papelão do poder publico, de pires na mão, implorando que proprietários façam doação das áreas  para que as obras possam ser executadas. Uma situação de penúria municipal que envergonha a qualquer cidadão.

Os municípios têm e podem usar um conjunto poderoso e variado de alternativas para obter recursos para desapropriar as áreas que precise, pode ainda oferecer a troca de vantagens que compensem a desapropriação e ainda obter recursos para as obras publicas projetadas.
Porque não o faz? Esse é um daqueles mistérios que rondam o poder publico. Mas é provável que a resposta este no principio de Hanlon. Que tão útil é para ajudar a entender a vida e o funcionamento das organizações. ”Não se deve atribuir a maldade o que pode ser facilmente explicado pela estupidez.”

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC


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