Praticamente no final de mandato o prefeito Carlito Merss lamenta a
lentidão com que as obras públicas da sua administração avançam. Ele se refere
exclusivamente as poucas que estão em andamento. O lamento é correto, mas chega
tarde, muito tarde. Neste mesmo espaço já alertamos da má qualidade dos
projetos das obras municipais, sem o adequado detalhamento técnico adequado, a
imprecisão e em casos até ausência de memoriais descritivos completos. A estes problemas há que acrescentar ainda a inexperiência
real e efetiva da maioria dos responsáveis pelas ditas obras e o baixo nível de qualificação dos operários envolvidos. O resultado aparece na forma de atrasos, aditivos nos contratos e alterações e adaptações nas obras em andamento.
As únicas com as
que o prefeito se diz satisfeito são as do esgoto sanitário. A sua satisfação
deve estar ligada ao pouco conhecimento que tem dos aspectos técnicos referentes
a execução destas obras. Seria uma surpresa agradável, porem improvável, que
esta fosse de fato a única obra pública da sua gestão que andasse no prazo e
dentro do orçamento. Seria uma ilha de excelência numa administração avaliada
até agora entre ruim e medíocre. Ainda que milagres possam acontecer. Ninguém
deveria se surpreender se nos próximos dias surgisse um informe detalhado
mostrando uma boa lista de irregularidades também nesta joia da coroa da gestão
municipal.
O jornalista Elio Gaspari, publica na sua coluna de hoje no jornal Folha
de São Paulo uma informação que caso tivesse chegado antes as mãos do nosso
prefeito, o teria poupado de não poucos constrangimentos.
UM BOM EXEMPLO
QUE VEM DA CHINA
A China resolveu criar um
banco de dados público arrolando todas as empresas investigadas por corrupção.
No ano passado, segundo o governo, foram fiscalizados 25 mil casos de propinas.
Lá, o jovem filho de Bo Xilai joga polo, mas papai foi frito e mamãe está
presa.
Um conhecedor das
relações do Estado brasileiro com fornecedores de serviços e contratos sugeriu
a criação de um painel com cinco lâmpadas. A saber:
1) Uma luz acende-se
quando o serviço foi contratado sem licitação.
2) A segunda lâmpada
indicará quando, tendo havido licitação, o preço oferecido ficou abaixo do
mínimo.
3) A terceira informa
quantos aditivos o contrato recebeu e sua percentagem em relação ao valor
inicial.
4) A quarta pisca
indicando os atrasos na conclusão das obras ou nos fornecimentos.
5) A quinta indica a
percentagem de obras ou serviços abandonados.
Com três lâmpadas acesas,
pode-se chamar o Ministério Público. Com quatro, a Polícia Federal. Se acenderem as cinco, só resta
chamar os bombeiros. No caso de Joinville
seriam os voluntários.
Caro Jordi,
ResponderExcluirVoce aborda com precisão os dois maiores problemas da administração pública atuais. O despreparo dos técnicos dos órgãos públicos, todos irremediavelmente contaminados por ranços políticos, e a total falta de controle sobre a qualidade de serviços e materiais empregados nessas obras.
A primeira, ao que parece, não tem mais cura, visto que as nomeações políticas para cargos técnicos são vistas como "naturais" pelos eleitores. Já se tornou tão comum, que parece ser o normal. E não esqueçamos que, mesmo sentindo que a coisa não é certa, o cidadão cala, pois assim estará garantindo também a sua "boquinha" no futuro, quem sabe.
Quanto à segunda, até poderia haver solução, mas perdi as esperanças. Controle de Qualidade é uma ciencia que se tornou tão teórica, que hoje só é usada ainda pelas empresas de marketing, visando criar a ilusão de que produtos e serviços tem a melhor qualidade assegurada. É só olhar as reclamações no PROCON e teremos uma idéia dos absurdos cometidos por todos os tipos de fornecedores.
O prefeito Carlito, algum tempo atrás até divulgou uma idéia interessante, de criar um grupo de especialistas e entidades encarregadas de examinar o cumprimento de normas, prazos e aplicação de materiais nas obras públicas. Em outras palavras, controle de qualidade de serviços.
Nunca mais ouvi nada sobre o assunto.
E sabe porque? Esse tipo de atividade custa caro. E diante da ditadura dos economistas e financistas e mais alguns MBA's formados aí pelas esquinas, conclui-se que é muito mais fácil e barato contratar uma agencia de publicidade.
Assim, as lâmpadas da iluminação pública queimam mais rápido, iluminam menos, o asfalto racha ou descola em seis meses, a tubulação de esgoto entope por ser muito fina, a tinta da sinalização apaga em duas chuvas...e por aí adiante.
Afinal, o que o povo quer, é obra inaugurada. Se ela vai durar ou não, isso é coisa pro próximo governo, né?
Nelson,
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário, numa administração em que não se usa prumo e nivel na obra, não há muito que falar.
Tambem como você acredito que esta é uma causa perdida.
Mas achei divertido o Carlito reclamando que as obras públicad (as da sua gestão) estão sem prazo para concluir, com os contratos aditados, sendo refeitas antes da sua inauguração e por aí afora e ele fica se queixando para o Bispo. O problema é da sua alçada e das pessoas que ele contratou para isso.
Espere a ver o que vem aí com a obra do esgoto...