17 de outubro de 2011

Quem decide, quando o tema é mobilidade? (*)



As cidades, independente do seu tamanho e complexidade, têm em comum a responsabilidade para decidir sobre a sua mobilidade urbana. Decidir se uma rua fluirá no sentido centro-bairro ou vice-versa é uma decisão municipal. Insistir em manter o terminal urbano no centro, priorizar binários ou ainda implantar calçadões e dispor de uma rede estruturada de ciclovias são decisões exclusivamente municipais.

O modelo de mobilidade urbana dependerá de muitas variáveis, políticas, econômicas, geográficas, mas principalmente de ter um modelo de desenvolvimento urbano coerente e estruturado, que possa sobreviver aos devaneios dos administradores de plantão. É comum escutar de urbanistas e planejadores que o resultado do caos em que a maioria das nossas cidades estão mergulhadas, quando o tema é mobilidade urbana, é por conta do aumento desproporcional da frota de veículos, e que a melhor solução seria reduzir o acesso das pessoas aos carros. Aumentando o preço, aumentando os impostos ou reduzindo o credito para sua aquisição. Sempre colocando a solução para alem da sua capacidade e competência. Uma forma de justificar, por antecedência, a falta de solução e de propostas adequadas para um problema que tende a piorar.

O Brasil já tem hoje os carros mais caros do mundo, na Europa com salários mais altos que os nossos, o acesso da população a novos carros é muito mais fácil que aqui, os preços de veículos dos mesmos modelos e fabricantes que aqui, chegam a custar entre 50% e 60 % menos que aqui. Contudo o transito flui melhor na maioria das cidades daquele continente. Existe claramente uma política de mobilidade urbana, que se caracteriza por priorizar o pedestre, estimular o uso da bicicleta implantando uma rede de ciclovias segura e bem espalhada por toda a cidade, mesmo em cidades como Copenhague, com clima extremo no inverno, a bicicleta é a primeira opção de transporte. Finalmente a implantação de um sistema de transporte coletivo de qualidade, utilizando energias renováveis, integrado e econômico, completa o conjunto de ferramentas que junto com o planejamento urbano, permitem enfrentar com êxito o desafio da mobilidade urbana.  

A maioria das soluções que as cidades modernas apresentam é o resultado de políticas públicas adequadas, resultado de uma visão estratégica correta e de um planejamento de longo prazo, que deixa pouca margem para a improvisação e foge de soluções pontuais, temporais e eleitoreiras. 

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