As cidades,
independente do seu tamanho e complexidade, têm em comum a responsabilidade
para decidir sobre a sua mobilidade urbana. Decidir se uma rua fluirá no
sentido centro-bairro ou vice-versa é uma decisão municipal. Insistir em manter
o terminal urbano no centro, priorizar binários ou ainda implantar calçadões e
dispor de uma rede estruturada de ciclovias são decisões exclusivamente
municipais.
O modelo de
mobilidade urbana dependerá de muitas variáveis, políticas, econômicas, geográficas,
mas principalmente de ter um modelo de desenvolvimento urbano coerente e estruturado,
que possa sobreviver aos devaneios dos administradores de plantão. É comum
escutar de urbanistas e planejadores que o resultado do caos em que a maioria
das nossas cidades estão mergulhadas, quando o tema é mobilidade urbana, é por
conta do aumento desproporcional da frota de veículos, e que a melhor solução
seria reduzir o acesso das pessoas aos carros. Aumentando o preço, aumentando
os impostos ou reduzindo o credito para sua aquisição. Sempre colocando a
solução para alem da sua capacidade e competência. Uma forma de justificar, por
antecedência, a falta de solução e de propostas adequadas para um problema que
tende a piorar.
O Brasil já
tem hoje os carros mais caros do mundo, na Europa com salários mais altos que
os nossos, o acesso da população a novos carros é muito mais fácil que aqui, os
preços de veículos dos mesmos modelos e fabricantes que aqui, chegam a custar
entre 50% e 60 % menos que aqui. Contudo o transito flui melhor na maioria das
cidades daquele continente. Existe claramente uma política de mobilidade urbana,
que se caracteriza por priorizar o pedestre, estimular o uso da bicicleta
implantando uma rede de ciclovias segura e bem espalhada por toda a cidade,
mesmo em cidades como Copenhague, com clima extremo no inverno, a bicicleta é a
primeira opção de transporte. Finalmente a implantação de um sistema de transporte
coletivo de qualidade, utilizando energias renováveis, integrado e econômico,
completa o conjunto de ferramentas que junto com o planejamento urbano,
permitem enfrentar com êxito o desafio da mobilidade urbana.
A maioria
das soluções que as cidades modernas apresentam é o resultado de políticas públicas
adequadas, resultado de uma visão estratégica correta e de um planejamento de
longo prazo, que deixa pouca margem para a improvisação e foge de soluções
pontuais, temporais e eleitoreiras.
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