14 de abril de 2013

A nova classe média


A classe média

Os códigos escritos que servem para identificar estatisticamente as diversas classes sociais ganhou novos componentes com a aparição da nova classe média. Impulsionada pela estabilidade econômica, e principalmente pela disponibilidade aparentemente inesgotável de crédito para o consumo surgiu, no país, uma nova figura que tem passado a formar parte de todas as estatísticas a nova classe média. Seria presunçoso enquadrá-la na categoria de novos ricos porque não chega ao patamar de poder ser considerada assim. Mas formam um grupo poderoso de consumidores.

Felizes proprietários de extensos crediários, que suportam uma longa lista de compras de eletroeletrônicos, eletrodomésticos, e, em alguns casos, inclusive veículos e outros bens de maior valor. O prazer consumista do brasileiro alcança o seu ápice com esta nova classe social emergente, que concretiza por meio do consumo a sua ascensão social.

Nos últimos anos este grupo é bem visto quase que só pela Receita Federal. O órgão federal consegue superar, ano após ano, as suas metas de arrecadação, tanto pela sua eficiência, como pela atenção com que trata estes brasileiros que se converteram diretamente em contribuintes que pagam tributos.

Fora do carinho e atenção especiais que recebem dos coletores de impostos, este grupo é praticamente desconsiderado por boa parte da estrutura pública, e a sua estigmatização está em andamento.  Este pessoal é percebido como responsável por algumas situações supostamente negativas no contexto socioeconômico.  Integrantes deste grupo insistem em não utilizar o maravilhoso e eficiente transporte público. Reclamam, cada vez com menos vergonha, quando sentem que os seus direitos não são respeitados. Quando alguém quer mudar a lei para construir espigões de concreto no que até ontem era um bairro residencial, se organizam em associações de moradores e publicam cartas nos jornais. Ainda utilizam as redes sociais para protestar pelos gastos da Câmara de Vereadores e apontam, criticamente, a cobrança de diárias dos deputados da sua região. Esta fatia da classe média insiste em não querer que o país se desenvolva, que tudo seja feito em nome do crescimento economico. Exige parques, espaços para o lazer e a cultura. Acha que a saúde deveria ser melhor e que as pessoas deveriam estar no centro da gestão pública.

O problema é esse: a partir do instante em que teve acesso ao consumo, (e à voz), esta "gentinha" não quer ser só contribuinte e insiste em querer ser cidadã.. E isso - percebe-se - desagrada a muitos, que ocupam espaços privilegiados nos escaninhos dos Poderes e não estão muito dispostos a compartir esse espaço.

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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