30 de novembro de 2007

A mediocridade e a mansidão


Ovídio dedicou o poema “Aura Mediocritas” a destacar e enaltecer a mediocridade, Horacio outro autor latino nas Odes, II, 10, 5, utilizou a mesma expressão, para indicar que uma farta mediania é a condição a todos preferida.

E definitivamente mais de 2000 anos depois, os pensamentos dos poetas latinos continuam vivos e atuais. Devemos ainda acrescentar na nossa sociedade, tanto a local, como a nacional, uma cultura para a mansidão, que cresce e se desenvolve a cada dia que passa, ligada intimamente a mediania.

Hoje praticamente ninguém se mexe para protestar contra o que quer que seja, uma minoria escreve cartas as seções de opinião dos jornais, alguns mais comprometidos, militantes de carteirinha, inclusive apóiam, um abaixo assinado, pela internet, sem sair da comodidade do seu lar o do seu escritório. Nem pensar em ser, mais ativistas, a maneira antiga, saindo as ruas, manifestando-se abertamente e pressionando políticos e dirigentes e mudar, a escutar a agir de acordo com os desejos da sociedade.

É nesta sociedade omissa em que impera a mediocridade, numa sociedade que perdeu a capacidade de expressar as suas opiniões. Que persegue ferozmente, aqueles que tem a ousadia, de opinar ou simplesmente aqueles, que tem posições divergentes ou simplesmente distintas.

A nossa cidade é hoje reflexo, como nunca antes, desta omissão generalizada, o que dá condições, para que de uma forma cada vez mais forte, o poder publico imponha, sem a menor negociação, a sua lei, sem precisar escutar a sociedade. Os projetos e propostas, apenas são debatidos, com as instituições representativas da sociedade organizada, convertidas ou em caixas de ressonância ou solenemente ignoradas pelos nossos administradores, quando minimamente divergentes.

Um exemplo interessante, é a forma, quase secreta, como esta sendo discutido o plano diretor de Joinville ou o orçamento municipal, importantes peças legais, que definirão as ações e planos do município para 2008, determinado, não só as obras, atividades e projetos que serão ou não implantados. Determinarão como será a Joinville dos próximos anos. No nível federal não é distinto, com um congresso e um senado que aprova 99 entre cada 100 projetos apresentados pelo executivo, sem praticamente nenhuma alteração, nem discussão, com a sociedade e com o contribuinte.

Reflexo, inequívoco da bovina mansidão, da omissão e da mediocridade que dia a dia nos envolve e governa.


Publicado no AN Cidade

25 de novembro de 2007

Cachoeira Vivo !



Confesso que durante muito tempo, estive enganado, defendi que o rio Cachoeira deveria ser um rio limpo, sem esgoto, sem poluição, sem sujeira.

Nunca aprovei, esta engenhoca maluca do Flotflux, e difícil imaginar, que esta proposta possa ser a solução ideal. Como tampouco posso imaginar que a construção de um muro de concreto que encaixote o rio seja o melhor para a preservação da vida, no Cachoeira.

Recentemente, numa conversa, com uns amigos, tomei conhecimento que o Cachoeira é um rio que esta recuperando a vida, alem dos dois conhecidos jacarés, o Fritz e o Jaca, tem multidão de tartarugas, de preás, de garças, até um que outro socó, as vezes, inclusive, um colhereiro tem feito a sua aparição, para se alimentar da fauna que fervilha nas suas águas.

Altamir Andrade tem dedicado horas do seu tempo a fotografar, filmar e registrar toda a força desta vida e esta empenhado, numa cruzada quase messiânica, a nos mostrar a força do rio vivo.

Na hora, entendi que o nosso desafio é defender, um Cachoeira vivo, cheio de vida, com as margens verdes, sem estes muros cinzentos que estão construindo na frente do nosso paço municipal.

Também conheço bem, a cruzada, que para preservar e recuperar o Rio Morro Alto, a Associação de Moradores do Bairro América, tem travado, envolvendo empresários e vizinhos, defensores, de soluções viáveis, possíveis, adequadas a nossa realidade e aos nossos orçamentos. Soluções simples que funcionam e que são possíveis pela sua própria simplicidade.

Das viagens e das experiências acumuladas ou adquiridas pelos moradores, tem surgido exemplos de cidades tão distantes como Georgetown, nos Estados Unidos, ou Zurich, Baden – Baden ou Estrasburgo, a capital administrativa da Europa unificada, que esta cortada por córregos e canais límpidos e transparentes, exemplos para todos nós, que podem ser aplicados, em Joinville, inclusive em parceria com empresas locais.

As propostas, da Prefeitura Municipal, devem considerar, não só um rio limpo, devem a partir da agora, prever um rio vivo, parece hoje mais adequado pensar em um rio, que na medida em, que deixou de receber esgoto domestico, e faz tempo que não recebe mais poluentes industriais, começa a se recuperar e a ganhar vida de novo.

Devemos defender, não só um rio limpo, vamos defender um Cachoeira vivo, porque da sua própria vida depende, cada dia mais, a nossa.

Publicado no AN Cidade

10 de novembro de 2007

Joinville Solidaria


No dicionário a primeira acepção de solidário é “Que responsabiliza cada um de muitos devedores pelo pagamento total de uma dívida” só a ultima é “Que partilha o sofrimento alheio, ou se propõe mitigá-lo”. É sobre esta solidariedade que gostaria de escrever.

Joinville tem no seu intimo, um forte espírito solidário. Que surpreende ao forasteiro, é muito possível que tenha iniciado, nos primórdios da colônia, quando as famílias precisavam se ajudar, partilhando o sofrimento, para fazer frente as enormes dificuldades e desafios que precisavam enfrentar. Nada tem de extraordinário que naquela época, frente às dificuldades externas prospera se um forte espírito de solidariedade e de apoio.

O extraordinário, a diferença esta, na permanência nos dias de hoje, de um sentimento tão forte, de apoio, de compaixão e de ajuda a quem precisa. É este um dos aspectos que mais marcam na Joinville de hoje. No meio deste materialismo e rodeados cada vez mais pelo egoísmo e pelo mercantilismo, Joinville constrói um futuro diferente, baseado na força da comunidade, no abraço solidário, na força das pessoas.

É esta Joinville, que cresce a partir da iniciativa das associações e das entidades que formam a AJOS, de novo um exemplo a seguir, todas unidas em prol de um objetivo maior. É esta Joinville que contribui com o seu bem mais precioso, o abraço, a mão amiga, o prato quente, o agasalho que combate o frio. Que se doa, que abre mão, inclusive, do convívio familiar, de minutos, às vezes horas, de tempo dedicado ao próximo. É nesta Joinville que devemos acreditar.

A cidade que, sem esperar a presença e o apoio oficial, arregaça as mangas e põe mãos a obra. Esta Joinville, infatigável, inquebrantável, que se desdobra a cada dia, que move montanhas, que não dorme, que não descansa.

A Joinville dos Bombeiros Voluntários, do Lar Abdon Batista, da Mãe Abigail, da Ação Social, da Vila Vicentina, de tantos outros heróis e heroínas solidárias. Que tecem um amanha melhor e fazem com o seu trabalho a diferença.

Publicado no AN Cidade

Assessoria


Shakespeare escreveu em Hamlet, “ ha algo de podre no reino de Dinamarca”.O Brasil adotou o regime republicano, baseado no equilíbrio entre os três poderes, o executivo, em Joinville, representado pela prefeitura e que tem no prefeito o seu líder maior, o legislativo, que no nosso caso é a Câmara de Vereadores e o Judiciário composto pelos juízes e promotores. O objetivo é que cada um dos três poderes, acompanhe as ações dos outros dois, os fiscalize e o tripé garante a democracia e a defesa dos direitos dos cidadãos.

No caso do plano diretor, o executivo elaborou uma proposta, que depois de longas discussões foi encaminhado para o Conselho da Cidade, um grupo formado por 40 joinvilenses, de alto nível, com representantes tanto do executivo, como da sociedade organizada, para que depois de mais de 6 meses de reuniões aperfeiçoaram o documento original, introduzindo melhorias e retirando pontos que desenhavam uma Joinville, distinta daquela que a sociedade deseja, para o futuro.

Misteriosamente este documento final elaborado pelo Conselho da cidade, sofreu nas mãos do executivo, varias mudanças, que o deixou quase igual ao documento original, que a prefeitura tinha encaminhado, alem de criar uma frustração entre todos os que participaram nas discussões. Agora o texto está em estudo na Câmara, assessorada por uma profissional responsável pelo projeto enquanto em poder do executivo, uma situação no mínimo estranha, porque fere o regimento interno do legislativo, que determina que o cargo de assessor de urbanismo deve ser exercido por um profissional isento.

Lamentável ainda que a Câmara tenha durante quase um ano discutido todos os assuntos referentes ao plano diretor e varias alterações a legislação de urbanismo e de uso e ocupação do solo, sem contar com um profissional gabaritado, faz mais de um ano, depois de perder o Arqto. Rui Borba, profissional isento e de altíssimo nível, sem que o seu cargo tenha sido preenchido.

Gera suspicácias e compromete a imagem e a transparência que a Câmara de Vereadores tem conseguido nesta gestão, esta ilegalidade ao aceitar para a assessoria de urbanismo, alguém ligado ao poder executivo, macula o processo e enturva a figura publica dos nossos vereadores e principalmente a do próprio presidente da Câmara. Como dizia meu avo, tem presentes que de graça são caros.

Publicado no AN Cidade

8 de novembro de 2007

Vou trazer de volta valores como o trabalho, o esforço, o mérito e o respeito.


Nicolas Sarkozy, novo presidente da França, no discurso de posse

6 de novembro de 2007

O alto custo de tapar buracos

Depois de ler a matéria, publicada no AN Cidade no domingo sobre quanto custa tapar buracos, nas ruas de Joinville, e de olhar detenidamente a fotografia, comparando com tantas outras ruas que se encontram em igual estado, lembre da rua presidente Costa e Silva, no Bairro América, que é remendada, no mínimo a cada seis meses, e que em menos de 90 dias já volta a encher de buracos, na realidade a rua ficou, como aquela roupa remendada, que tem mais remendo que tecido original, ou tem mais buraco que asfalto original.

Se os remendos duram tão pouco e a qualidade do asfalto, não é a justificativa, então só pode ser a qualidade do serviço, ou da fiscalização. Porque se há procedimentos técnicos para evitar que o remendo não dure, melhorando a técnica de trabalho, e com isto aumentar a duração do remendo e qualidade do trabalho.

Vamos aceitar que os nossos recursos públicos vão todos para tapar os mesmos buracos de sempre? Ou será que em Joinville é a única cidade em que chove, e a alta umidade é a única causa do péssimo estado da pavimentação das nossas ruas?

Nas empresas existe um cuidado extremo em não cometer repetidamente os mesmos erros, para isto, cada erro, problema ou desconformidade e analisado criteriosamente, para aprender com ele e tomar as medidas corretivas necessárias para evitar que se repita.

Com um mínimo de atenção seria fácil verificar que em algumas ruas os buracos se repetem com freqüência e em quantidade muito acima da media, simplesmente continuar remendando, sem utilizar a melhor técnica, ou o material ou inclusive mantendo a mesma empresa contratada é persistir no erro.

Já diz a frase que errar é humano, persistir no erro é....

Publicado no AN Cidade

5 de novembro de 2007

O dinheiro publico é seu

É algo tão evidente, parece uma obviedade, como que o sol nasce pelo leste, mais parece que não temos a consciência que é nosso. Com certeza não administramos o nosso dinheiro, da mesma forma como são administrados os recursos públicos e o pior é que isto não parece nós incomodar, como se por ser públicos fossem dos outros. Aprendi desde criança que é com o dinheiro dos outros que é preciso ser mais cuidadoso, mais transparente e melhor administrador, porque não nos pertence.

No dia a dia temos poucas possibilidades de acompanhar a gestão dos recursos federais, administrados de uma forma distante e pouco transparente aos olhos do cidadão comum, as despesas e investimentos feitos pelo estado, já nós atingem mais de perto, é mais fácil poder sugerir, opinar, porque podemos ver com maior clareza, como e aonde são utilizados, porem é no nível municipal que este acompanhamento se faz mais útil, mais fácil e mais importante.

Como ultimamente o contribuinte tem sido bombardeado, quase que semanalmente com noticias e informações sobre casos de corrupção, podemos imaginar que o nosso trabalho é o de ser fiscais atuantes da corrupção que como uma doença contagiosa permeia todas e cada uma das camadas da nossa sociedade.

Nada mais longe disto, o papel da sociedade é o de alertar, quando um bem ou serviço seja adquirido pelo município por um preço maior que aquele praticado na prateleira do comercio local.

Ou quando por uma ação do executivo municipal, uma área rural, que tinha um valor de R$ 0,60 o m2, passou a valer mais de R$ 8,00 o m2, graças a uma simples mudança de zoneamento, até porque com certeza alguém ficou mais rico, mesmo que não tenha sido você.

Quando a traves de uma outra ação, aprovada pelo Câmara de Vereadores, você veja se instalar ao lado da sua residência, um órgão da administração publica, e a sua tranqüilidade e qualidade de vida for para o espaço, fique tranqüilo, com certeza alguém também ganhou com isto, mesmo que tampouco tenha sido você.

Quando o veja publicada no jornal do município a informação que foi permutada uma área de terra de propriedade do município bem localizada, por outra localizada no cafundó de Judas, você também pode ter certeza que de novo se gerou riqueza, mesmo que não seja a sua.

Não podemos desconsiderar a enorme capacidade que um bom governo tem de gerar riqueza, prosperidade e felicidade, claro que distribuir de forma justa, transparente e com equidade, são outros quinhentos.


Publicado no AN Cidade

1 de novembro de 2007

Os Pequenos Detalhes

Existe o mito que o bom administrador se mede pelas grandes obras, nada mais longe da verdade, é nas pequenas coisas em que se percebe a índole do homem.

Na administração publica não é diferente, dificilmente alguém que não consegue cuidar das pequenas coisas, terá capacidade para cuidar das maiores.

Marcar a diferença não reside na monumentalidade, no colorido, no luxuoso ou original, mas apenas nas pequenas coisas que ninguém nota, exceto quando falham.
É um pouco como no trabalho: raramente nos agradecem ou dão os parabéns por um trabalho bem feito, mas todos reparam quando algo não corre tão bem!
Se nos desleixarmos, rapidamente o que custou a ganhar e a construir esvai-se, nomeadamente a imagem positiva do investimento na qualidade de vida do Joinvillense

O saudoso Harold Nielson, era um bom exemplo, muitos domingos, aproveitava para fazer sua caminhada por Joinville, acompanhado pela sua esposa Rosita e sua câmara fotográfica, de uma forma fria e sistemática, fotografava todos aqueles pequenos detalhes que ele identificava como falta de qualidade, incompatíveis com Joinville.

Na segunda feira pela manha, um envelope com duas ou três dúzias de fotografias era entregue na mesa do prefeito, normalmente acompanhado por algum bilhete. Em questão de minutos todos os secretários e funcionários de primeiro escalão, envolvidos ou atingidos pelas recomendações e propostas eram chamados no gabinete e recebiam copias das fotos do Haroldo, com bilhetes do próprio punho do prefeito e a ordem de solucionar imediatamente.

Alguns dos pontos identificados não tinham uma solução fácil e rápida, mais a maioria eram claramente o resultado do descaso, a desídia e a falta de atenção com os detalhes, costumeira e rotineira das nossas administrações municipais, não daquela, mais de todas as administrações publicas passadas e futuras.

Faz muita falta o olhar do cidadão, que de uma forma desinteressada, olha para a sua cidade, para o seu estado e para o seu país e indica o caminho para que o administrador público possa melhorar a nossa cidade e a nossa qualidade de vida. Fazem ainda mais falta, os administradores que saibam escutar e aproveitar estas propostas da sociedade e deixem de ver nestas contribuições, criticas pessoais, perseguições políticas e deixem de tratar estes cidadãos como inimigos públicos e alvos a desqualificar e desacreditar.

Joinville ganha promovendo este espírito comunitário e acolhendo e escutando as contribuições de todos.

Publicado no AN Cidade

Abrigo animal precisa de ajuda

O Abrigo Animal é uma destas instituições que fazem a diferença, surgiu pela falta da prestação do serviço de retirar das vias publicas e atender os animais abandonados e maltratados, um caso de segurança e de saúde publica. Uma obrigação do poder publico.

Um grupo de voluntários e voluntárias tomou a iniciativa de recolher, atender, recuperar, alimentar e ainda dar carinho, encaminhando se possível a um lar, aqueles animais, que resultado do abandono dos seus donos, ou as vezes inclusive, resultado da própria irresponsabilidade de uns e outros.

Os animais, abandonados em áreas urbanas, representam um flagrante perigo para a população, porque alem de poder transmitir doenças, podem atacar e ocasionar problemas a população.

Nada por tanto, mais lógico que o poder publico, através da Secretaria de Saúde, e do centro do controle de zoonoses cumpra a sua obrigação, de recolher e dar um destino adequado a estes animais. Nada melhor que a não tendo capacidade, estrutura ou competência para fazê-lo, passe a apoiar instituições voluntárias da sociedade organizada, que tenham como objetivo, suprir as deficiências e omissões do próprio poder publico.

Agora que o valor repassado seja de menos de 25 % do custo total, obriga a sociedade a arcar com uma parcela excessivamente grande do total, alem do trabalho voluntário e não remunerado, e que este valor não cubra as despesas operacionais, mais elementares é um descaso e deve nos levar e refletir seriamente, sobre o papel de um estado que arrecada e muito, e alega não ter recursos para apoiar aquelas instituições, que como o Abrigo Animal, estão assumindo e fazendo, com extrema competência, o que a própria administração municipal deveria fazer, por obrigação.

Será que não enxergamos que é mais barato e melhor, quando a sociedade faz e o governo apóia, e quando o governo deixa de apoiar mesmo com recursos mínimos, terá que assumir todos os ônus? E será mais caro para todos?

Será que é tão difícil enxergar que a comunidade cresce quando a sociedade organizada e o poder publico trabalham em parceria, e que quando a sociedade percebe que o poder publico, só busca se aproveitar do trabalho voluntário e do espírito solidário , acaba se afastando e com isto todos perdemos, inclusive você.

Publicado no AN Cidade

Direito é o conjunto de condições que permitem à liberdade de cada um adequar-se à de todos.


Emmanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...