Depois que ficou
escancarado o desejo dos joinvilenses pelo progresso a qualquer preço, ganha
corpo o modelo econômico que busca maximizar o lucro em detrimento da qualidade
de vida, do verde, do bom senso e até do futuro. Até porque pensar no futuro
não é o forte dos populistas. Falta tanto tempo para que as novas gerações assumam
que temos que pensar no aqui e no agora.
O futuro de Joinville
não depende das decisões que se tomem no futuro, o futuro dependerá de como
impactarão as decisões e as ações que tomemos ou façamos agora. Peter Drucker
entendeu bem a importância de tomar hoje as decisões certas. O prefeito
acreditou que o seu projeto Joinville 2030 seria uma forma de fugir pra frente das
suas responsabilidades com a cidade e o seu futuro e apostou que ninguém
lembraria em 2030 do que ele prometeu fazer em 2012. A sua vida ficou mais difícil
com a internet, os prints dos seus posts e o google. Alias ele nem precisava
ter apagado suas postagens, até porque não há quem não esqueça de todas as
promessas que fez sem ter intenção de cumprir. O eleitor ainda não aprendeu que
quem muito promete é porque não vai cumprir.
O mais novo projeto
sendo arquitetado nos corredores da SEPUD, com o aval do prefeito é o de
rebaixar a Cota 40 em todo o perímetro urbano do município de Joinville. Assim
acaba de vez o problema com os ecochatos, os verdolatras e os xiitas do meio
ambiente. Como a Cota 40 não é desprezível, o projeto, em estudo, contempla
também o aproveitamento do barro que seria retirado da área a ser “minerada”,
este material seria destinado ao aterro dos manguezais. A logica de muitos
joinvilenses é a de que a Cota 40 só tem mato, e que o mangue é um criadouro de
mosquitos. Que os caranguejos se reproduzem no bar do Janga e vivem felizes em
geladeiras até ser colocados na panela.
Acreditam os gênios da
SEPUD que rebaixar a Cota 40 só traria vantagens para a cidade, poderiam se
instalar dezenas de megalojas como a Havan em toda a área hoje tomada pelo mato
e ainda no mangue aterrado seria possível construir dezenas, centenas de
projetos habitacionais que passariam a pagar IPTU, COSIP e qualquer outra taxa
que os caranguejos e os guaras hoje não pagam. Ninguém entende que uma ideia
tão brilhante não tivesse sido pensada antes. Mas essa arrogância toda é fruto
e resultado da própria ignorância, do mais puro desconhecimento. Décadas atras já houve um projeto semelhante que previa o rebaixamento do morro do Boa Vista e o aterro
do mangue. Um projeto da mesma época em que uma lei municipal passou a proibir a
brisa em Joinville. Hoje o legislativo municipal consome um orçamento soberbo
para aprovar leis para proibir os canudinhos plásticos, estabelecer o dia do
papagaio de olhos azuis, ou definir o tempo de espera na fila de lotérica, e é
que no quesito projetos e leis estapafúrdias em Joinville as coisas não têm
mudado em décadas. Continuamos no mundo da lua, governados por lunáticos e trogloditas.