Em tempos em que a honestidade parece um diferencial no cenario politico o jornal A Notícia publicou este texto, que compartilho aqui no blog.
Honestidade?
Vivemos uma crise de valores e sofremos a perda de referencias. Provavelmente a honestidade é o valore mais em questão neste momento no país. Na recente campanha eleitoral não houve candidato que não se apresentasse como paladino da honestidade. No momento em que a percepção é que estamos sendo arrastrados por um tsunami de desonestidade é normal que o que deveria ser um pré-requisito passe a ser um atributo diferencial. Assim no meio de uma sociedade órfã de referencias chegamos ao extremo de considerar a qualquer um que não tenha sido pego em flagrante, julgado e condenado como sendo alguém honesto. Sem entender que a honestidade tem princípios e bases muito mais firmes que a do julgamento e a posterior condenação. Especialmente os homens públicos não só devem ser honestos, devem também parecer honestos. Transpirar honestidade. Ser referentes de comportamento e modelos de virtude. Utópico? Provavelmente no Brasil atual seja.
Nem faz tanto tempo assim que na televisão estávamos sendo diuturnamente bombardeados por coreografias e jingles propalando a honestidade de candidatos a todo tipo de cargos. O tempo esta nós permitindo descobrir que a maioria deles nem são tão honestos assim ou que é preciso muito mais que bater no peito autoproclamando-se honesto para poder ser considerado realmente honesto. Numa sociedade que tem critérios tão elásticos de avaliação nos deparamos com governantes aclamados como honestos, mas porque não realizaram nenhuma obra importante e assim não puderam fazer as falcatruas que lhes teriam permitido receber propinas. Porque são justamente as grandes obras que alimentam as grandes propinas e os maiores corruptos.
Como não é possível pegar dinheiro diretamente do cofre, porque há um maior controle da sociedade e a vigilancia dificulta muito que isso aconteça. Hoje podemos considerar que somos governados por três tipos de políticos, os corruptos profissionais que eventualmente podem ser descobertos, julgados e condenados, os ineptos considerados honestos pela sua baixa efetividade e finalmente pelos honestos que mesmo sendo cada vez menos insistem em se candidatar mesmo com minimas possibilidades de serem eleitos. Este é o dilema da nossa sociedade espremida entre corruptos competentes e incompetentes honestos, sem que tenham oportunidade os honestos competentes.