4 de janeiro de 2019

A água da torneira

Água da torneira

Quem viaja a Estados Unidos se surpreende quando nos restaurantes se serve água da torneira, água alias que não cobrada do cliente. Há cidades inclusive que estão começando a proibir a venda de água em garrafa plástica e paralelamente a proibição, estão instalando bebedouros para que todos possam preencher as suas próprias garrafas. No capitalismo selvagem americano são os municípios os que através de políticas públicas firmes estão defendendo os interesses e o bolso dos seus cidadãos. Imaginei por um momento que aconteceria se os restaurantes da vila praticassem a mesma política e passassem a servir “Tap water” ou água da torneira. Joinville tem hoje água de qualidade, tanto o Pirai, como o Cubatão fornecem água de excelente potabilidade.

Não só não temos uma política de defesa e promoção da nossa água, como o que vemos é a insistência do prefeito em querer aumentar a conta da água. Quando o serviço foi remunicipalizado, o discurso na época era que pagávamos caro pela água. Que a CASAN utilizava para o calculo da tarifa o subsidio cruzado e que os municípios mais rentáveis, Joinville entre eles, subsidiavam aqueles deficitários e que com a municipalização pagaríamos uma tarifa mais justa e menor. Só trouxa para acreditar neste tipo de discursos, mas como trouxas e cândidos não faltam nestes manguezais a municipalização foi aplaudida e a tarifa continuo a mesma.

No tema água temos uma condição privilegiada, duas fontes de fornecimento o Pirai e o Cubatão, ambas de excelente qualidade e abundantes. Localizadas perto da cidade e com uma topografia que facilita o fornecimento sem grandes problemas, nem custos elevados de energia. Em resumo poderíamos ter uma tarifa menor. Sem o subsidio cruzado e com as vantagens que Joinville tem, a nossa água poderia ser mais barata.


Os balanços e a distribuição constante de dividendos ao socio majoritário, a própria Prefeitura, que deixa de investir na CAJ, Companhia Águas de Joinville e usa o lucro para cobrir furos de caixa e pagar outras contas. O resultado é que continuamos apresentado índices de saneamento básico vergonhosos, por falta de investimento e que o poder público na sua ânsia esfoladora do contribuinte – consumidor só pensa em aumentar ainda mais a tarifa que já é cara. Nem vou aqui me referir ao ar que passa pelo hidrômetro, nem aos constantes vazamentos, nem as perdas de água tratada que são superiores a 38% no Brasil e 36,3% na região sul, 37% em Santa Catarina dados de 2016, em Joinville a perda em setembro de 2018 era de 46,5% de toda a água produzida. Os números são escandalosos e mostram o quanto há para melhorar antes de seguir aumentando o valor da conta. 

Um comentário:

  1. Tudo certo, o que falta é informar o preço da água nos US. Tenho a impressão de que lá a noção de que a água é abundante e “de graça” já foi ultrapassado ha muito tempo. Preço muito baixo leva a desperdício. Assim é com os indivíduos e as instituições. A perda de 46,5% da água tratada é uma vergonha, mas está vindo à tona e do conhecimento do público porque estão mexendo no preço. Infelizmente é assim. O ser humano não dá valor aquilo que lhe parece disponível sem custo ou a custo muito baixo.
    O papel da CAJ precisa ser revisto, suas políticas, governança, compliance, distribuição de lucros, política de preços, etc. Tudo de forma transparente e incluído no seu estatuto, de forma que uma mudança, com nova gestão, não seja muito simples e precise ser bem discutida no conselho.

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