4 de agosto de 2014

Binários e outras confusões.


O tema da mobilidade tem todas as cartelas para ser a bola da vez. Não deveria nos surpreender se acabasse superando a saúde, segurança e educação, o que não quer dizer que estes temas estejam sendo resolvidos, quer dizer que a população já começou a desacreditar que sejam resolvidos e vai aos poucos desistindo de brigar em batalhas perdidas.

No caso de Joinville, e na maioria das grandes cidades brasileiras, a da mobilidade tem tudo para ser outra batalha perdida. Os governos são os grandes sócios do carro, em Joinville o IPVA arrecada quase tanto como o IPTU, e o ICMS sobre carros e combustíveis é outra vaca leiteira das administrações públicas, que avançam com avidez sobre qualquer ingresso que se apresente. Por si isso fora pouco um carro que em 1999 custava 155 salários mínimos, hoje custa 44, ótimo desde o ponto de vista social, mas sem infraestrutura, nem recursos para investir em transporte público moderno, as cidades enfrentam um verdadeiro apagão no transito.

Não vou cair na armadilha de propor que esta ou aquela rua deva ser mão única ou mão dupla. Isso nem os técnicos sabem. Tem ido tentando até achar que acertam. Mas o que sim, já deveria ter ficado claro é que há que escutar a população afetada pelas experiências que o IPPUJ e o ITTRAN fazem, antes de fazê-las. O estranho é que depois do fiasco no Guanabara, os técnicos não tenham aprendido que este tipo de intervenções devem ser mais bem preparadas, com estudos mais detalhados, implantando as mudanças com segurança e prevendo todas as alternativas. A imagem de cavaletes e cones com folhas impressas em papel indicando, que não se pode entrar naquela rua ou que se deve entrar pela próxima, não ajudam em nada a promover outra imagem que não seja a da imperícia, desorganização e improvisação. A maior prova disso ainda é a falta de soluções concretas aparecem, cada dia, novos mapas oferecendo rotas alternativas para resolver problemas que não tinham sido previstos.

No tema do transito, como nos demais ligados ao planejamento urbano, a surdez e a arrogância quando combinadas só servem para exacerbar os ânimos da população e isso leva a atitudes cada vez mais radicais. É inconcebível que moradores cheguem ao ponto de fechar ruas para ser recebidos pelo prefeito em audiência. A situação esta começando a ficar fora de controle.



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