25 de outubro de 2014

A Joinville dos próximos 30 anos.


É bonito e empolga falar da Joinville dos próximos 30 anos. Mas que empolgar, entusiasma pensar que daqui a 30 anos Joinville será uma cidade melhor que a que temos e vislumbramos hoje. Quem poderia ser contra uma cidade melhor, mais verde, mais sustentável, mas justa, que integre as diferencias, com mais qualidade de vida e voltada para o cidadão. Um projeto de Joinville assim seria capaz de unir ao mesmo tempo todos os espectros do universo político. Que partido não assinaria uma proposta como esta?

Mas da mesma forma que acreditamos que Deus esta nos detalhes, também o diabo tem se feito presente nos detalhes. Planejar é uma coisa, executar é outra bem diferente. A Joinville planejada no plano diretor de 1973, disso já faz mais de 40 anos, era uma cidade bem diferente da de hoje. A cidade estaria cortada, de um extremo ao outro, por grandes avenidas duplicadas. Rotatórias ou elevados permitiriam que o transito fluísse bem e de forma segura. Atravessar Joinville de ponta a ponta seria rápido e confortável. O Rio Cachoeira estaria margeado por um parque linear que faria inveja aos grandes parques urbanos com que a população tanto sonha. O IPPUJ não precisaria ficar remendando a cidade com binários, trinários e outras invencionices que são só paliativos para problemas que não existiriam se o que foi planejado tivesse sido feito.

Se duplicar uma avenida como a Santos Dumont ou um trecho da Dona Francisca se converte numa missão quase impossível. Se a execução de pouco mais de meia dúzia de áreas verdes, se alastra por mais de três lustros, sem que Joinville tenha espaços públicos dignos de ser considerados parques e já seja necessário reformar as recentemente construídas. Recomenda o bom senso que se duvide da nossa capacidade de projetar e executar a Joinville dos próximos 30 anos.  Ou que no mínimo seja questionada esta visão idílica de uma cidade que será melhor só daqui a três décadas.


Se não conseguimos fazer bem as coisas mais simples, aquelas que deveriam fazer parte do quotidiano de uma cidade que insiste em querer ser a maior do estado e que poderia muito bem investir um pouco em ser a melhor. O que deveria nos deixar com a pulga atrás da orelha é que se não há a quem reclamar hoje que não tenha sido executado o que foi projetado em 1973, a quem questionar o que não tenha sido implantado em 2045 o que foi projetado em 2014? Quem vai lembrar? Ou estaremos naquela época planejando a Joinville de 2075. Essa sim será a cidade ideal e quem viver verá.

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