24 de fevereiro de 2013

O gerente em tempos de crise



A cada dia surgem novas informações, e mais precisas, sobre a situação financeira da prefeitura de Joinville. É importante que se diga que, do mesmo modo que acabaram não se provando todos os milhões da divida divulgados em 2008 pelo novo governo, também há uma possibilidade que não se confirmem todos os valores divulgados agora. Mas é um fato é inequívoco: o valor da dívida aumentou nos últimos quatro anos. E a situação é pior que antes.

É justamente para administrar Joinville em tempos de tempestade que a maioria do eleitorado votou em Udo Dohler. O seu perfil como gestor e empresário levou muitos eleitores a fazerem uma escolha absolutamente racional: votar em alguém que soubesse ler um balanço, que já tivesse administrado uma empresa em situações difíceis (muitos esquecem que a Dohler nem sempre teve resultados positivos). Chegou a hora de pôr à prova a perícia do timoneiro. Ver a sua habilidade para levar a bom porto a nau desgovernada que tem sido esta cidade nos últimos anos. Aliás, é bom que se frise não ter sido só nos últimos quatro anos.

Todos nós nos achamos bons marinheiros em águas calmas, sem vento e sem ondas. Quando o vento aumenta, quando a escala Beaufort se encontra acima de 7 graus, é bom tirar os meninos do leme e poder contar com um capitão experiente. É provável que o capitão esperasse uma travessia mais tranquila, com mar mais calmo e no máximo uma brisa suave.

A situação de Joinville com receitas em crescimento e despesas fora de controle, tem tudo para piorar. O quadro generalizado de baixo crescimento econômico no país projeta redução das receitas públicas já no curto prazo. As despesas, porém, continuam aumentando, como se não houvesse amanhã. O custeio da máquina pública não conhece o bom senso e não sabe o que é diminuição de despesas. O trabalho do prefeito e da sua equipe é o de secar gelo.

Países europeus, que até ontem eram considerados ricos, hoje enfrentam uma crise econômica que os obriga a reduzir salários e benesses do funcionalismo público. A situação é tão grave que há também redução do número de funcionários e corte em serviços públicos estratégicos como saúde, educação e segurança. Aqui, no Brasil, e em Joinville concretamente, a sensação é que nada disto vai acontecer e que o baile e a festa devem continuar.

Atrasos de salários, falta de investimentos em infraestrutura ou de recursos para saúde, esporte ou educação não deveriam parecer algo tão distante da nossa realidade. E a experiência do timoneiro pode ajudar a controlar o temporal. Resta só ver como a tripulação vai responder ao desafio.

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...