17 de fevereiro de 2013

O Carnaval com outro olhar

Osny Martins via twitter



O carnaval

Joinville vibrou com o carnaval deste ano, o entusiasmo superou a chuva e a Avenida reuniu quase uma vez e meia a Arena lotada, um fato notável que deve ser motivo de felicidade para todos.

Como o samba no pé não faz parte da minha infância e adolescência, sempre olhei o carnaval com um misto de curiosidade e inveja. Ver um grupo de pessoas e profissionais de todos os níveis econômicos, desfilando em blocos, com 4.000 e 6.000 pessoas dançando e cantando em um conjunto bem organizado e perfeitamente planejado, com uma coreografia elaborada e uma mistura de cores e sons que impressiona e surpreende a cada ano. Se nos referimos à realidade do Rio e São Paulo o resultado é excelente desde qualquer ponto de vista, seja o financeiro, pois cada vez há menos bicheiros e há mais levantamento de recursos com patrocinadores. Seja da repercussão internacional, não há paralelo, os 85 minutos do desfile colocam o pais no cenário mundial e promovem a cidade como destino turístico. O retorno é garantido.  
O resultado é um momento único e que dificilmente encontra paralelo em outras manifestações populares semelhantes.

A sensação é que este é um país de exímios dançarinos, que a musica e o ritmo estava na mamadeira, ou melhor, ainda no leite materno de todos e cada um dos que desfilam e vibram. O carnaval é também o melhor exemplo do que este país poderia ser e teima em não ser. A capacidade de trabalho, a motivação, a energia, o esforço e a capacidade de sacrifício que permitem que um desfile de escola de samba seja um espetáculo, são virtudes que o brasileiro tem e usa pouco. A alegria, a musicalidade e a criatividade são vistas com maior frequência no nosso dia a dia.

Em Joinville a pesar do triunfalismo deste ano, em parte resultado da síndrome da vassoura nova, há ainda um longo caminho por percorrer. Bom lembrar que à verba saiu apenas duas semanas atrás, um prova que o planejamento pode melhorar muito.  Há uma excessiva dependência do poder público. É esta distante de alcançar aqui a suficiência econômica, a criatividade e o grau de planejamento das atividades empresariais da cidade. Ainda é considerada apenas uma brincadeira para quem não viaja.

Acredito que num país que tem tantas leis inúteis ou em desuso, alguma deveria haver para que não fosse permitido que os turistas estrangeiros que não superassem um teste de proficiência, desfilassem em blocos de carnaval. Seu desempenho e torpeza, suas roupas e adereços e principalmente sua absoluta falta de ritmo representam uma ameaça à civilização e são motivo de mofa e chacota. 

O desafio é converter este instante de brilhantismo e paixão numa característica que nos impulsione, nos faça crescer e nos conduza a um futuro melhor. Porque na quarta feira de cinzas voltamos todos aos nossos lugares, peões, bispos, torres, reis e rainhas voltam aos seus afazeres quotidianos e a magia desaparece até o próximo carnaval. 

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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