Osny Martins via twitter |
O carnaval
Joinville vibrou com o
carnaval deste ano, o entusiasmo superou a chuva e a Avenida reuniu quase uma
vez e meia a Arena lotada, um fato notável que deve ser motivo de felicidade
para todos.
Como o samba no pé não
faz parte da minha infância e adolescência, sempre olhei o carnaval com um
misto de curiosidade e inveja. Ver um grupo de pessoas e profissionais de todos
os níveis econômicos, desfilando em blocos, com 4.000 e 6.000 pessoas dançando
e cantando em um conjunto bem organizado e perfeitamente planejado, com uma
coreografia elaborada e uma mistura de cores e sons que impressiona e surpreende
a cada ano. Se nos referimos à realidade do Rio e São Paulo o resultado é
excelente desde qualquer ponto de vista, seja o financeiro, pois cada vez há
menos bicheiros e há mais levantamento de recursos com patrocinadores. Seja da repercussão
internacional, não há paralelo, os 85 minutos do desfile colocam o pais no cenário
mundial e promovem a cidade como destino turístico. O retorno é garantido.
O resultado é um
momento único e que dificilmente encontra paralelo em outras manifestações
populares semelhantes.
A sensação é que este
é um país de exímios dançarinos, que a musica e o ritmo estava na mamadeira, ou
melhor, ainda no leite materno de todos e cada um dos que desfilam e vibram. O
carnaval é também o melhor exemplo do que este país poderia ser e teima em não
ser. A capacidade de trabalho, a motivação, a energia, o esforço e a capacidade
de sacrifício que permitem que um desfile de escola de samba seja um espetáculo,
são virtudes que o brasileiro tem e usa pouco. A alegria, a musicalidade e a
criatividade são vistas com maior frequência no nosso dia a dia.
Em Joinville a pesar
do triunfalismo deste ano, em parte resultado da síndrome da vassoura nova, há
ainda um longo caminho por percorrer. Bom lembrar que à verba saiu apenas duas
semanas atrás, um prova que o planejamento pode melhorar muito. Há uma excessiva dependência do poder público.
É esta distante de alcançar aqui a suficiência econômica, a criatividade e o
grau de planejamento das atividades empresariais da cidade. Ainda é considerada
apenas uma brincadeira para quem não viaja.
Acredito que num país
que tem tantas leis inúteis ou em desuso, alguma deveria haver para que não
fosse permitido que os turistas estrangeiros que não superassem um teste de proficiência,
desfilassem em blocos de carnaval. Seu desempenho e torpeza, suas roupas e
adereços e principalmente sua absoluta falta de ritmo representam uma ameaça à
civilização e são motivo de mofa e chacota.
O desafio é converter este instante
de brilhantismo e paixão numa característica que nos impulsione, nos faça
crescer e nos conduza a um futuro melhor. Porque na quarta feira de cinzas
voltamos todos aos nossos lugares, peões, bispos, torres, reis e
rainhas voltam aos seus afazeres quotidianos e a magia desaparece até o próximo
carnaval.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
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