Água da torneira
Quem viaja a Estados
Unidos se surpreende quando nos restaurantes se serve água da torneira, água alias
que não cobrada do cliente. Há cidades inclusive que estão começando a proibir
a venda de água em garrafa plástica e paralelamente a proibição, estão
instalando bebedouros para que todos possam preencher as suas próprias garrafas.
No capitalismo selvagem americano são os municípios os que através de políticas
públicas firmes estão defendendo os interesses e o bolso dos seus cidadãos.
Imaginei por um momento que aconteceria se os restaurantes da vila praticassem
a mesma política e passassem a servir “Tap water” ou água da torneira.
Joinville tem hoje água de qualidade, tanto o Pirai, como o Cubatão fornecem água
de excelente potabilidade.
Não só não temos uma política
de defesa e promoção da nossa água, como o que vemos é a insistência do
prefeito em querer aumentar a conta da água. Quando o serviço foi remunicipalizado,
o discurso na época era que pagávamos caro pela água. Que a CASAN utilizava para
o calculo da tarifa o subsidio cruzado e que os municípios mais rentáveis,
Joinville entre eles, subsidiavam aqueles deficitários e que com a
municipalização pagaríamos uma tarifa mais justa e menor. Só trouxa para
acreditar neste tipo de discursos, mas como trouxas e cândidos não faltam
nestes manguezais a municipalização foi aplaudida e a tarifa continuo a mesma.
No tema água temos uma
condição privilegiada, duas fontes de fornecimento o Pirai e o Cubatão, ambas
de excelente qualidade e abundantes. Localizadas perto da cidade e com uma
topografia que facilita o fornecimento sem grandes problemas, nem custos
elevados de energia. Em resumo poderíamos ter uma tarifa menor. Sem o subsidio
cruzado e com as vantagens que Joinville tem, a nossa água poderia ser mais
barata.
Os balanços e a
distribuição constante de dividendos ao socio majoritário, a própria Prefeitura,
que deixa de investir na CAJ, Companhia Águas de Joinville e usa o lucro para cobrir
furos de caixa e pagar outras contas. O resultado é que continuamos apresentado
índices de saneamento básico vergonhosos, por falta de investimento e que o
poder público na sua ânsia esfoladora do contribuinte – consumidor só pensa em aumentar
ainda mais a tarifa que já é cara. Nem vou aqui me referir ao ar que passa pelo
hidrômetro, nem aos constantes vazamentos, nem as perdas de água tratada que são
superiores a 38% no Brasil e 36,3% na região sul, 37% em Santa Catarina dados
de 2016, em Joinville a perda em setembro de 2018 era de 46,5% de toda a água
produzida. Os números são escandalosos e mostram o quanto há para melhorar
antes de seguir aumentando o valor da conta.
Tudo certo, o que falta é informar o preço da água nos US. Tenho a impressão de que lá a noção de que a água é abundante e “de graça” já foi ultrapassado ha muito tempo. Preço muito baixo leva a desperdício. Assim é com os indivíduos e as instituições. A perda de 46,5% da água tratada é uma vergonha, mas está vindo à tona e do conhecimento do público porque estão mexendo no preço. Infelizmente é assim. O ser humano não dá valor aquilo que lhe parece disponível sem custo ou a custo muito baixo.
ResponderExcluirO papel da CAJ precisa ser revisto, suas políticas, governança, compliance, distribuição de lucros, política de preços, etc. Tudo de forma transparente e incluído no seu estatuto, de forma que uma mudança, com nova gestão, não seja muito simples e precise ser bem discutida no conselho.